do Alerta Total
1.01.2009
Trinheira da Liberdade
Por Arlindo Montenegro
Aqui tenho mato, passarinho, manga e jabuticaba. De noite vejo estrelas. E ainda conto com esta conexão de internet i...limitada, muito limitada! Sou da turma dos entrincheirados que ainda prezam certas liberdades banidas e inda sonham com utopias que pareciam viáveis e que de verdade são inconsistentes e cada dia mais descaracterizadas.Acabaram as surpresas com o discurso que antes era de “esquerda” – contra o capitalismo imperialista – e o discurso que se identificava com a “direita” – a favor de um capitalismo utópico, democrático e civilizatório.
Nova era: capimunismo. E os povos sem rumo, sem objetivo definido, confundidos, drogados, privados da lucidez em meio ao estridente barulho da propaganda.A “esquerda” adotou os mecanismos da economia predatória e aliou-se aos imperialistas do consumo ilimitado, para fortalecer o poder contra tudo e contra todos: idealistas, crentes, românticos, filósofos... estão embolados e cercados pela realidade violenta. Os que parecem empunhar as rédeas do poder estão falidos no planeta bichado.
Fingem defender o interesse do bem comum, fingem adotar ideologias, fingem até acreditar em Deus! Tudo pelo poder!Nos cenários do poder político figuram os incapazes mais bem remunerados, atuando para as câmeras e editando o discurso à conveniência do momento. Como no cinema, as imagens, sons e movimentos transmitem qualquer coisa transfigurada, levando aos assistentes a mensagem do sonho.O carnavalesco Joãozinho Trinta parecia ter essa visão do palco de fantasias e, quando destacava um aspecto sinistro, era censurado.De qualquer modo os circunstantes não alcançavam o conteúdo fundamental da esculhambação. Apenas riam da caracterização que, para alguns poucos poderia intuir verdades mais profundas.
O fato é que a percepção, entendimento do alcance e busca do bem comum ficou reduzida ao discurso dos que vivem entrincheirados, visionários que persistem na defesa de liberdades há muito descartadas. Tendem ao pacifismo, tendem ao respeito e tolerância. Acreditam no bem comum descrito pelos filósofos para construir um ambiente de liberdade e felicidade.A liberdade imposta pelos poderosos vai na contramão do bem comum e foi substituída pela mobilização de vontades na corrida alucinante para “chegar lá”... onde? Até os esportes e competições olímpicas, atividades exemplares para destacar habilidades diferenciadas, limites musculares, vontade e persistência do homem, foram transformados em mercadoria.
Somos todos bichos mercadoria a serviço da propaganda guerreira, aristocrática, partidária, enaltecedora da miséria moral e mental. O desfile festivo obedece à “palavra de ordem”. Quem não aceita continua entrincheirado teclando sonoros discursos para combater a fúria dos deuses do olimpo material. Até quando?Orwell criou o Ministério da Paz com atribuição de cuidar da guerra. Continuamos guerreiros divididos em ilhas microscópicas cercadas de tubarões.
E lendo uma entrevista atribuída a Marcola, constatamos que “não existem mais proletários, nem infelizes, nem explorados... os guerreiros do ‘pó’ dominam a freguesia, “são fungos de um grande erro sujo”.Na tal entrevista que dizem ter sido publicada (eu não vi!) o Marcola cita os responsáveis: Presidentes, Juizes, Generais, Deputados... e conclui citando Dante: “Percam todas as esperanças”, “estamos todos no inferno”. Vale pensar, mas o rumo das veredas da salvação afigura-se tenebroso.Paro por aqui, desculpem, com ânsia de vômito. Mas volto já, quixotescamente.
Arlindo Montenegro é Apicultor.
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