http://www.heitordepaola.com/index.asp
*As pernas curtas da mentira***
*Graça Salgueiro***
No passado 29 de março, o País viu estarrecido uma manifestação grotesca,
abjeta e vil, onde primaram o desrespeito e a falta de educação por parte
de uma turba de aproximadamente 300 pessoas, a maioria jovens entre 16 e 20
e poucos anos, que agrediam com insultos e cusparadas a octogenários
militares que entravam ou saíam do Clube Militar.
Chamou-me a atenção em particular a forma teatral como se manifestavam,
sem perceber que serviam de idiotas-úteis para interesses outros,
desconhecidos deles. Não foi surpresa tomar conhecimento, depois, que os
"manifestantes pela verdade" foram pagos para representar, não se sabe por
quem, embora possamos imaginar. Um oficial que participou infiltrado entre
os manifestantes viu e ouviu ao final da balbúrdia um homem de terno e
gravata que telefonava para alguém e relatava sua satisfação com o
"sucesso" do evento. Elogiava o "vigor" com que os manifestantes gritavam e
mostravam ódio aos militares - embora sequer soubessem quem eles eram e
muito menos quais seriam seus "feitos assassinos" - e pedia ao interlocutor
que enviasse o dinheiro rapidamente para pagar pelos bons serviços
prestados da turba delirante.
Na nota que escrevi antecedendo o artigo do Aluizio Amorim, me perguntava
perplexa se não seria uma cena teatral aquele rapaz que aparece no vídeo
deitado no chão, gritando para os policiais "eles mataram meu pai!", uma
vez que ele é muito jovem para que tal fato acontecesse no período em que
os militares governaram. Com a ajuda de um grupo de amigos descobrimos que,
de fato, tudo não passava de encenação. O jovem, supostamente órfão,
chama-se Carlos Beltrão do Valle, tem 29 anos, cursa o mestrado de "Memória
Social" e tem pai, além de uma irmã e um irmão, todos vivos, saudáveis e
trabalhando.
Seu pai, o engenheiro Romildo Maranhão do Valle, foi membro do Partido
Comunista Revolucionário Brasileiro (PCBR), uma dissidência guerrilheira do
PCB fundada em 1964. Seu tio, Ramires Maranhão do Valle, também fazia parte
da organização terrorista e foi morto em 27 de outubro de 1973, quando
entrou em confronto com a Polícia, na Praça Combate, em Jacarepaguá.
Ranúsia Alves Rodrigues havia sido presa naquela manhã e já no primeiro
depoimento contou os vários assaltos que o bando havia praticado e que
naquela noite haveria um "ponto" [1] no local acima citado. Na chegada ao
ponto, Ranúsia e os policiais foram recebidos a bala, havendo o confronto
no qual os quatro integrantes do Comando Central (Ranúsia, Ramires, Almir e
Vitorino) morreram.
Portanto, "a família inteira assassinada pelo Regime Militar", por quem
este rapaz clama no vídeo para justificar sua presença naquele ato de
vandalismo, resume-se a um tio seu, que ele sequer conheceu, e que não era
nenhum homem de bem, mas um terrorista morto em combate e que havia
assassinado o delegado Octávio Gonçalves de Oliveira, covardemente pelas
costas, numa ação conjunta com a ALN e a VAR-PALMARES, em 25 de fevereiro
de 1973. Teria assassinado covardemente, também pelas costas, Salatiel
Teixeira Rollins, ex-membro do Comando Central que havia saído da prisão um
ano antes, em 22 de julho de 1973 participou do assalto ao Banco
Francês-Brasileiro em Porto Alegre, em 14 de março de 1973 em 4 de junho,
junto com a ALN e a VAR-PALMARES, do assalto ao "Bob's" de Ipanema e, em 29
de agosto do mesmo ano, do assalto a uma clínica médica em Botafogo, no
Rio [*2*].
Quanto ao rapaz que desfere uma cusparada no Coronel-Aviador Juarez Gomes,
quando saía do evento no Clube Militar, é um desocupado profissional, de 25
anos de idade, de nome Luiz Felipe Monteiro Garcez, cognome "Pato",
estudante do curso "Produção Cultural" do IFRJ desde 2010 e freqüentador do
Diretório do PT no Rio de Janeiro. Seu último emprego foi um cargo
comissionado de Assistente Executivo de Projetos Especiais no município de
Maricá (RJ), nomeado pelo prefeito Washington Luiz Cardoso Siqueira, do PT.
Em seu blog "Pato" escreveu em 2008: "Fiz parte do movimento estudantil
secundarista. Hoje porém por culpa dos estudos acabei me afastando dele.
Porém pretendo me engajar no movimento estudantil universitário" (sic). E
ainda em seu mural do FaceBook ele admitiu orgulhoso, várias vezes, que
cuspiu em um idoso indefeso e que sequer lhe dirigiu a palavra, e o faria
de novo.
Desses dois elementos temos as fichas completas com riqueza de detalhes,
mas o objetivo deste artigo é apenas demonstrar a farsa da dor dos que se
manifestavam em honra de seus parentes, mortos ou desaparecidos pelos
"assassinos" e "torturadores" militares que se encontravam naquele dia no
Clube Militar, que, diga-se de passagem, não estavam ali para "comemorar" a
data histórica de 31 de Março, mas para debater, junto com conferencistas
civis, e levar ao público assistente a verdadeira história que a tal
"Comissão da Verdade" quer omitir e que não são nem nunca foram acusados de
crime algum. E são dados como os citados acima que a tal comissão nega-se,
peremptoriamente, não só a ouvir mas permitir que o público tome
conhecimento. Será que Carlos Beltrão conhece o passado desse seu tio, um
criminoso covarde que assassinava pelas costas, sem qualquer chance de
defesa, pessoas que ele considerava seus inimigos? E Luiz Felipe, conhece o
que esta gente praticou e de que maneira morreu, ao defendê-las expelindo
tanto ódio?
É isto que a tal "comissão" pretende: esconder a verdade dos fatos e usar,
mais uma vez, jovens ignorantes e manipuláveis para servir de bucha de
canhão para seus propósitos sórdidos, mas, como a mentira tem as pernas
curtas, não podemos permitir que toda a população permaneça nessa
ignorância defendendo bandidos sanguinários como se fossem vítimas imoladas
no altar da liberdade e da democracia.
Notas:
[1] "Ponto" era o lugar combinado para os encontros, previamente acertado
pelos terroristas.
[2] Conforme informações constantes do "O livro negro do terrorismo no
Brasil", pags. 767 e 768
Nenhum comentário:
Postar um comentário