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Agradeço as oportunas e coerentes intervenções dos comentaristas criticando o proselitismo irresponsável do globoritarismo apoiado pela mídia amestrada banalizando as Instituições e o Poder do Estado para a pratica sistemática de crimes. Os brasileiros de bem que pensam com suas próprias cabeças ja constataram que vivemos uma crise moral sem paralelo na historia que esgarça as Instituições pois os governantes não se posicionam na defesa da Lei e das Instituições gerando uma temerária INSEGURANÇA JURÍDICA. É DEVER de todo brasileiro de bem não se calar e bradar Levanta Brasil! Cidadania-Soberania-Moralidade

5.20.2008

Falácias sobre a luta armada na ditadura

*
* <mailto:impunidadevergonhanacional@gmail.com>

*MARCO ANTONIO VILLA*

*Militantes de grupos de luta armada criaram um discurso eficaz. Quem
questiona "vira" adepto da ditadura. Assim, evitam o debate*

A LUTA armada, de tempos em tempos, reaparece no noticiário. Nos últimos
anos, foi se consolidando uma versão da história de que os guerrilheiros
combateram a ditadura em defesa da liberdade. Os militares teriam
voltado para os quartéis graças às suas heróicas ações. Em um país sem
memória, é muito fácil reescrever a história. É urgente enfrentarmos
essa falácia. A luta armada não passou de ações isoladas de assaltos a
bancos, seqüestros, ataques a instalações militares e só. Apoio popular?
Nenhum. O regime militar acabou por outras razões.
Argumentam que não havia outro meio de resistir à ditadura, a não ser
pela força. Mais um grave equívoco: muitos dos grupos existiam antes de
1964 e outros foram criados logo depois, quando ainda havia espaço
democrático (basta ver a ampla atividade cultural de 1964-1968). Ou
seja, a opção pela luta armada, o desprezo pela luta política e pela
participação no sistema político e a simpatia pelo foquismo guevarista
antecedem o AI-5 (dezembro de 1968), quando, de fato, houve o fechamento
do regime.
O terrorismo desses pequenos grupos deu munição (sem trocadilho) para o
terrorismo de Estado e acabou usado pela extrema-direita como pretexto
para justificar o injustificável: a barbárie repressiva.
Todos os grupos de luta armada defendiam a ditadura do proletariado. As
eventuais menções à democracia estavam ligadas à "fase burguesa da
revolução". Uma espécie de caminho penoso, uma concessão momentânea rumo
à ditadura de partido único.
Conceder-lhes o estatuto histórico de principais responsáveis pela
derrocada do regime militar é um absurdo. A luta pela democracia foi
travada nos bairros pelos movimentos populares, na defesa da anistia, no
movimento estudantil e nos sindicatos. Teve na Igreja Católica um
importante aliado, assim como entre os intelectuais, que protestaram
contra a censura. E o MDB, nada fez? E seus militantes e parlamentares
que foram perseguidos? E os cassados?
Quem contribuiu mais para a restauração da democracia: o articulador de
um ato terrorista ou o deputado federal emedebista Lisâneas Maciel,
defensor dos direitos humanos, que acabou sendo cassado pelo regime
militar em 1976? A ação do MDB, especialmente dos parlamentares da "ala
autêntica", precisa ser relembrada. Não foi nada fácil ser oposição nas
eleições na década de 1970.
Os militantes dos grupos de luta armada construíram um discurso eficaz.
Quem questiona é tachado de adepto da ditadura. Assim, ficam protegidos
de qualquer crítica e evitam o que tanto temem: o debate, a divergência,
a pluralidade, enfim, a democracia. Mais: transformam a discussão
política em questão pessoal, como se a discordância fosse uma espécie de
desconsideração dos sofrimentos da prisão. Não há relação entre uma
coisa e outra: criticar a luta armada não legitima o terrorismo de Estado.
Precisamos romper o círculo de ferro construído, ainda em 1964, pelos
inimigos da democracia, tanto à esquerda como à direita. Não podemos ser
reféns, historicamente falando, daqueles que transformaram o adversário,
em inimigo; o espaço da política, em espaço de guerra.
Um bom caminho para o país seria a abertura dos arquivos do regime
militar. Dessa forma, tanto a ação contrária ao regime como a dos
"defensores da ordem" poderiam ser estudadas, debatidas e analisadas.
Parece, porém, que o governo não quer. Optou por uma espécie de
"cala-boca" financeiro. Rentável, é verdade.
Injusto, também é verdade. Tanto pelo pagamento de indenizações
milionárias a privilegiados como pelo abandono de centenas de
perseguidos que até hoje não receberam nenhuma compensação. É
fundamental não só rever as indenizações já aprovadas como estabelecer
critérios rigorosos para os próximos processos. Enfim, precisamos romper
os tabus construídos nas últimas quatro décadas: criticar a luta armada
não é apoiar a tortura, assim como atacar a selvagem repressão do regime
militar não é defender o terrorismo.
O pagamento das indenizações não pode servir como cortina de fumaça para
encobrir a história do Brasil. Por que o governo teme a abertura dos
arquivos? Abrir os arquivos não significa revanchismo ou coisa que o valha.
O desinteresse do governo pelo tema é tão grande que nem sequer sabe
onde estão os arquivos das Forças Armadas e dos órgãos civis de repressão.
Mantê-los fechados só aumenta os boatos e as versões fantasiosas.

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*MARCO ANTONIO VILLA*, 51, é professor de história do Departamento de
Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e autor,
entre outros livros, de "Jango, um perfil".

<mailto:impunidadevergonhanacional@gmail.com>

<http://mgcf.blogspot.com/>

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