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Agradeço as oportunas e coerentes intervenções dos comentaristas criticando o proselitismo irresponsável do globoritarismo apoiado pela mídia amestrada banalizando as Instituições e o Poder do Estado para a pratica sistemática de crimes. Os brasileiros de bem que pensam com suas próprias cabeças ja constataram que vivemos uma crise moral sem paralelo na historia que esgarça as Instituições pois os governantes não se posicionam na defesa da Lei e das Instituições gerando uma temerária INSEGURANÇA JURÍDICA. É DEVER de todo brasileiro de bem não se calar e bradar Levanta Brasil! Cidadania-Soberania-Moralidade

4.30.2009

O esperado e o inesperado se conjugam

O esperado e o inesperado se conjugam

Jarbas Passarinho

Foi ministro de Estado, governador e senador

Claro que o esperado viria a ser o processo evolutivo do MST. Ao surgir, aparentava ser um movimento social e contava com a grande maioria do povo brasileiro, simpático a uma solução definitiva para a reforma agrária. O presidente Castello Branco deixara, entre os projetos com que modernizou o país, o Estatuto da Terra. Se não houvesse sido abandonado no próprio ciclo militar, a feição fundiária do Brasil seria outra, bem mais justa. Os latifúndios improdutivos teriam acabado, dada a taxação progressiva deles, até chegar a valer menos que os impostos acumulados.

Era fácil prever o que está acontecendo agora. Começou por manifestações públicas. Numa delas, em Porto Alegre, um policial foi decapitado por um sem-terra, usando “instrumento de trabalho”, a foice. Em Brasília, ocuparam as avenidas, aos brados de “Fora FHC”, que os recebia em palácio, esperando dialogar com eles. Inútil. A violência, bem-sucedida, cresceu. Invadiram prédios públicos e até gabinetes de ministros de Estado, como provocação.

Das chamadas ocupações (na verdade invasões) de empresas rurais julgadas improdutivas, a escalada atingiu depredação de laboratórios de pesquisa científica. Perderam-se acervos obtidos ao longo de 20 anos. Com o apoio dos padres e mesmo bispos da Comissão Pastoral da Terra, as invasões, justas quando visavam empresas de histórico comprometido com grilagem, não mais pouparam sequer as empresas produtivas. No auge, seguiu-se o esbulho puro e simples de propriedades rurais. De início as pequenas, depois as grandes, como se deu e se dá, não só no Pará.

Era fatal que os proprietários legítimos, defendendo-se da tomada de seus bens à mão armada, organizassem, com respaldo na lei, grupos de segurança armada. Surgiram as primeiras mortes de sem-terra, usados como massa de manobra. No presente, as mortes já são também de seguranças, tidos como pistoleiros. O presidente Lula, afinal, indigna-se e condena publicamente a conduta criminosa do MST. O campo está em guerra e a Constituição violada, frequentemente até por executivos estaduais que se negam a cumprir decisão judicial da reintegração de posse.

Quando se condena a ilicitude dos meios usados pelo MST, a Pastoral da Terra e facciosos defensores de direitos humanos contra-atacam rudemente. Retrucam que a reação à reforma agrária é fruto de reacionários acostumados com a espoliação dos oprimidos. E os honestos críticos da violência recíproca logo demonstram tédio. Como disse o promotor Gilberto Thums, do Rio Grande do Sul, depois de fazer cumprir a lei e sofrer, sem apoio, retaliações inomináveis: “Cansei. Essa luta não pode ser apenas minha. Se ela não for de todos, não é de ninguém”.

Seu cansaço tem razão de ser. Impediu marchas de sem-terra destinadas a invasões programadas e anunciadas. Fichou criminalmente invasores. Foi decisivo no fechamento das escolas itinerantes do MST, verdadeiros centros de treinamento revolucionário das crianças de 7 aos 14 anos de idade. A Comissão Pastoral da Terra, declaradamente aliada do MST, desencadeou feroz e caluniosa campanha pela internet contra ele, e o padre coordenador local da CPT acusou-o de “baita capitalista tradicionalista, inimigo do MST”.

Em vez do processo pacífico que distribuiu milhares de termos de posse a colonos, revive o MST o que bradava outrora Brizola —“Reforma agrária na marra” —, ofuscando os que, afeitos à justiça social, apoiam a desconcentração da propriedade rural, não, porém, por meios revolucionários. Distinguem um proprietário legítimo de um grileiro, batem-se pelo direito do posseiro, mas combatem o invasor. Quer o MST, a título de consertar o erro decorrente da “traição a Marx” pelo comunismo real na Europa, erigir o “verdadeiro socialismo científico” no Terceiro Mundo. Não me infunde o menor receio.

Em 1989, o PT já era dividido em várias alas ideológicas, sendo a Articulação a majoritária sob liderança de Lula. Tive em mãos, então, cópia de um manifesto do grupo dissidente denominado Articulação de Esquerda, propondo Uma estratégia socialista para o Brasil, assinada por João Pedro Stédile, em 1997. Seus “paradigmas eram a revolução russa, a revolução chinesa e o governo da Unidade Popular chilena”. O que chamava de revolução russa acabou melancolicamente. A chinesa adota hoje a economia de mercado e tornou direito constitucional a propriedade privada.

Quanto ao inesperado, poucas palavras bastam. Um bispo “progressista” toma o poder no Paraguai, após cerca de 60 anos de governo do Partido Colorado. Afável, conquistava facilmente adeptos para o catolicismo. Para não fazer distinção injusta, conquistava também adolescentes, nos lares onde se hospedava. Nessa faina caridosa, contribuiu para aumentar a população guarani com vários filhos e diversas mulheres jovens. Um filho já por ele admitido e outros dependendo de DNA. Merece um cuidadoso abraço e a criação de uma medalha de bons serviços prestados, se não à democracia, ao menos à demografia.

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