O ilustre Ministro Jobim, em Artigo publicado pelo Alerta Total, me deixou de queixo caído. Sou um “inguinorantão” neste país de iletrados. Mas tento organizar pensamentos sobre o que interessa na qualidade de contribuinte. Li com atenção, mais de uma vez e meia a laudatória do homem responsável pela Defesa do Brasil e concluí que em termos de Defesa estamos com as calças na mão. Repito que não sou um analista especializado, não entendo patavinas de economia, nem da política ou da novilíngua capimunista.
Alinho o que percebi do documento ministerial e peço aos que entendem da matéria que mostrem meus erros de avaliação, por caridade. O homem fala que estamos metidos em “uma reconfiguração dos paradigmas políticos e econômicos”. Fiquei pensando quem manda em quem: a política é submissa à economia ou vice versa? A economia globalizada dá liberdade ou impõe (estrategicamente) políticas regionais submissas aos controles financeiros? Para executar políticas é preciso ter grana? Quem paga manda?
Segue o Ministro Jobim: “Esse processo implica novos desafios (...) a necessidade de planejamento estratégico e de flexibilidade para sua adaptação a cenários em permanente mudança. (...) Novos padrões de inserção internacional na área de Defesa dependem, porém, de nova postura da sociedade nacional. Faz-se necessário trazer as questões de Defesa de volta à agenda nacional, com a reversão da situação vigente desde o término do regime militar.”
Quer dizer: NÃO TEMOS UMA POLÍTICA DE DEFESA ESTRATÉGICA EM EXECUÇÃO! E mais adiante o Dr. Jobim diz: “O Poder Civil, que sucedeu ao regime militar, identificava, em seu imaginário, os temas de Defesa com repressão política.” Aha! Taí por que os militares estão comendo o pão que o diabo amassou. Está em curso um sucateamento moral das Forças Armadas, depois do sucateamento material e salarial. Tudo a mais pura traição da pátria. Isto sim é revanchismo.
Da pouca informação catada aqui e acolá, cada nação soberana e democrática, confia aos especialistas militares e analistas acadêmicos uma severa uma constante observação e análise sobre os cenários internacionais mutantes. Os especialistas, atentos, projetam as ações de defesa dos interesses econômicos e da tranqüilidade da população. Esta atuação sistemática permite planejar com antecedência as provisões materiais, os exercícios e a manutenção dos corpos militares junto à população. Orienta a capacitação para a resposta imediata em tempo de paz e nas eventualidades de agressão interna ou externa.
Mas nas condições em que estamos, descritas pelo Ministro, não é de estranhar que a guerrilha da Liga dos Camponeses Pobres atuem impunes, que as Farc tenham um “embaixador” protegido pelo governo, que as ongs internacionais pratiquem a pirataria mais descarada, que etnias sejam cooptadas por interesses estrangeiros em dividir o território nacional, que o nióbio e outros minerais estratégicos sejam entregues a preço de banana. Aqui cabem umas perguntas inocentes: a quem interessa? Quem se tem beneficiado com esta situação no plano econômico e político? Que idéias, interesses econômicos e ideologias lastreiam estas escolhas que podem ser traduzidas como desprezo à soberania nacional?
Alívio! O “Presidente Luiz Inácio Lula da Silva criou, por decreto de 6 de setembro de 2007, o comitê para formulação de um PLANO ESTRATÉGICO NACIONAL DE DEFESA, presidido pelo ministro da Defesa e coordenado pelo ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos.” E o “relatório com as diretrizes gerais será entregue ao Presidente no dia 7 de setembro de 2008.” Aí vem um balde de água fria: “Pretende-se restaurar a estrutura nacional de Defesa”.
Pretende-se? É só uma pretensão? Depois de um ano de estudos dos iluminados, quanto tempo mais para executar as “pretensões”? Quanto tempo mais as portas vão continuar abertas para os bandidos? Quando as responsabilidades constitucionais das Forças Armadas são inviabilizadas pelas decisões econômicas e políticas, quem é responsabilizado? Quem paga o prejuízo?
“Pretende-se” reorganizar as Forças Armadas, “pretende-se” reorganizar a indústria de armamentos e equipamentos de Defesa, “pretende-se” decidir sobre o futuro do serviço militar obrigatório. Vão discutir competências dos militares e dos civis quanto à Defesa. Por quanto tempo? A Constituição não as define? Não é o poder político quem decide sobre o uso da força militar? Não são as Forças Armadas responsáveis por definir as estratégias de Defesa? Discutir mais o quê?
O documento ministerial diz então que o “comitê designado pelo Presidente da República busca a resposta a essa indagação. “O que quer o Brasil de suas Forças Armadas?” E informa que esta resposta virá de “debate com os representantes eleitos do povo e as discussões abertas com a sociedade – seminários e congressos acadêmicos.” Enquanto isto as fronteiras secas e molhadas continuam abertas para a festa de terroristas internacionais, narcotraficantes, piratas verdes, guerrilhas, contrabandistas... até quando? E o que estarrece mais ainda é que esta situação perdura desde 1988, quase há vinte anos de Defesa bichada!
O tal Plano vai decidir sobre mudanças doutrinárias... Hhumm!!! Mudança de perfil para chegar “a organização mais adequada para as Forças Armadas brasileiras”. E logo após desfiar as cogitações que vão desde o recrutamento até o reaparelhamento com instrumentos de alta tecnologia, passando por instrumentos atômicos, melhores salários, integração operacional e visões de guerra próximas da guerra nas estrelas, chegamos ao último título que se abre para “a idéia de criar, com todos os países do continente, um Conselho Sul-Americano de Defesa.”
Bingo! As “pretensões”, as cogitações, as protelações para executar uma Política de Defesa Estratégica, estão amarradinhas com o projeto continental, UNASUL. Vão nos colocar como exercito internacionalista a serviço da ONU. Vão obedecer políticas estratégicas alinhadas à economia globalizada. Eis por que estamos abertos para vir a ser (ou confirmar o fato consumado?) terra de ninguém, trocando a identidade de cidadãos brasileiros por universalistas.
- Ô Zé, toca prá fora estas cabras que invadiram a sala! Que fedor de bode! Anda! Deixa de ser mole!
Desculpem, estava tratando de um problema doméstico urgente. Mas o que tinha atravessado na garganta, que nem espinho, já disse. Uma ultima coisa que lembro de ouvir meu avô dizendo: “Em política não existe verdade, só interesse!”.
Devo terminar agradecendo as boas intenções do Ministro por esclarecer a quantas andamos. Em fim é preciso manter a esperança do povo! Mas secundando meu avô, minha avó dizia: “De boa intenção o inferno está cheio!” São considerações de um velho ultrapassado, conservador, cristão à antiga, esperando pela justiça para uma sociedade democrática em que a Lei submeta cada cidadão de modo igual. Não se avexem!
Arlindo Montenegro é Apicultor.
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