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Agradeço as oportunas e coerentes intervenções dos comentaristas criticando o proselitismo irresponsável do globoritarismo apoiado pela mídia amestrada banalizando as Instituições e o Poder do Estado para a pratica sistemática de crimes. Os brasileiros de bem que pensam com suas próprias cabeças ja constataram que vivemos uma crise moral sem paralelo na historia que esgarça as Instituições pois os governantes não se posicionam na defesa da Lei e das Instituições gerando uma temerária INSEGURANÇA JURÍDICA. É DEVER de todo brasileiro de bem não se calar e bradar Levanta Brasil! Cidadania-Soberania-Moralidade

8.20.2008

Pobreza não é virtude

por João Luiz Mauad em 20 de agosto de 2008

Talvez não exista nada mais representativo das diferenças culturais
entre as sociedades brasileira e americana do que o tratamento que
dispensam à riqueza e à pobreza. Enquanto os americanos costumam
reverenciar a riqueza, os brasileiros a demonizam de todas as formas
possíveis, como se ela fosse um pecado mortal e sua posse sinônimo de má
índole ou crime pregresso. Já a pobreza, se – graças aos esforços
politicamente corretos da esquerda – já não é mais motivo de vergonha,
como foi um dia lá por aquelas bandas, pelo menos ainda não se tornou
razão de orgulho altaneiro, como é por aqui.

Um amigo, que estudou por vários anos nos EUA durante a década de 70,
conta que, certa vez, assistindo a uma cerimônia de fim de ano no campus
da universidade, deparou-se com algo bem estranho. Havia na platéia
dezenas de senhores e senhoras segurando placas com números os mais
variados. Sem nada entender, perguntou a um colega o que era aquilo.
Para sua surpresa, ficou sabendo que os números escritos nas tais
placas, expostas com orgulho para o alto, significavam a quantidade de
milhões de dólares que cada um deles já havia feito – nos EUA, se
costuma dizer que alguém faz dinheiro, ou seja, transforma trabalho em
dinheiro, e não que ganha como se diz por aqui – desde que deixara a
faculdade. Não é incomum também que os ex-alunos façam doações generosas
às universidades, numa forma de demonstrar gratidão pela ajuda na
obtenção do sucesso.

Aqui no Brasil, por outro lado, muita gente é levada a esconder o
dinheiro que possui, ainda que obtido licitamente e a troco de muito
trabalho, para não despertar o preconceito alheio. Enquanto isso, ser
pobre virou sinônimo de virtude. A começar pelo indefectível "Central da
Periferia", programa apresentado na TV pela atriz Regina Casé, cuja
proposta é a exaltação dos hábitos e costumes das gentes da dita
"periferia", o "pobrismo" no país de Macunaíma está mais em alta do que
nunca. Tudo que emana dos pobres é "do bem", é "tudo de bom". Vejam, por
exemplo, o famigerado estilo "funk" de música, que mistura uma batida
horrível com letras degradantes, e virou uma verdadeira cachaça país
afora. Ou a moda "cachorra" e suas calças torturantes de tão apertadas,
que vestem onze de cada dez adolescentes do país.

Uma das conseqüências mais visíveis desse estado de coisas está no fato
de a maioria dos políticos, de uns tempos para cá, fazer questão de
declarar-se formalmente pobre. Alguns, inclusive, declaram-se tão
miseráveis que dá até pena.

Dos candidatos a prefeito do Rio de Janeiro, por exemplo, apenas um
declarou possuir algum patrimônio, ainda que este não chegue nem perto
do que se possa chamar de riqueza. Só para se ter uma idéia do
descalabro reinante, um certo candidato – representante daquela que
Nelson Rodrigues chamaria de "esquerda festiva" – chegou a apresentar
uma declaração de bens onde tudo que consta é uma caderneta de poupança
com pouco mais de 11 mil reais. Alega também que mora de favor, num
apartamento emprestado pela octogenária vovozinha de sua mulher.

Tudo bem, ninguém tem nada com a vida privada dele, mas o indigitado é
filho de uma família de classe média e detentor de mandatos legislativos
há vários anos. Portanto, seguindo a lógica dos fatos, de duas, uma: ou
o fulano é um perdulário inconseqüente que, já na meia-idade, ainda não
conseguiu poupar nada nem adquirir um único bem de valor, malgrado uma
renda bem acima da média nacional; ou, por pura demagogia, esconde o
patrimônio que tem.

A idiossincrasia pobrista chegou a tal ponto que o velho desejo de
ascensão de classe sequer existe mais. Essa característica
comportamental, tão estranha quanto absurda, pôde ser vista com clareza
a partir da divulgação recente de um estudo estatístico (a meu ver
capenga, mas isso é o que menos importa aqui) da FGV, amplamente
comentado pela mídia, onde se procura demonstrar que a classe média é
hoje a maioria no país. Vejam esta matéria do jornal Folha de São Paulo
(os grifos são meus):

CLASSE MÉDIA EMERGENTE SE ACHA POBRE

ELVIRA LOBATO

DA SUCURSAL DO RIO

Poucas notícias provocaram mais reação em Vila Kennedy - bairro de 200
mil habitantes, na zona oeste do Rio - do que a pesquisa da Fundação
Getulio Vargas que classificou como classe média as famílias com renda
mensal a partir de R$ 1.064. Até moradores com rendimento acima desse
patamar se vêem como pobres e rejeitam serem chamados de classe média.

"É uma baixaria. Fiquei revoltado quando vi a notícia na TV. A
classificação é vazia e mentirosa", reagiu o aposentado João Galdino de
Melo, presidente da Associação dos Moradores de Vila Progresso. Pai de
três filhos, que estudam e trabalham, Galdino diz não ter dúvida de que
sua família é pobre, embora a renda familiar atinja R$ 2.400.

(...)
Mara Martins, 32, cinco filhos, tem renda familiar mensal de R$ 1.800,
somando a pensão de R$ 200 que recebe do pai de um dos filhos; (...) Ela
diz que ficou "doente" ao saber da notícia sobre a classe média, da
qual, agora, seria parte. "A única roupa que comprei para mim neste ano
foi um vestido, de R$ 10. Nunca fui a um cinema. Trabalho todos os dias
e não tenho lazer. Classe média, para mim, tem de ter lazer."

(...)

O ex-funcionário da Petrobrás José Camilo Neves, 57, taifeiro
aposentado, tem pensão de R$ 3.400 por mês, mas nem ele se considera
classe média, pois cinco pessoas dependem de sua renda, não tem lazer e
mora em rua sem calçamento, que há até pouco tempo tinha esgoto a céu
aberto.

A posse de bens de consumo não foi considerada pelos entrevistados de
Vila Kennedy como indicador de classe média, porque mesmo os que se
definem como pobres possuem televisão, geladeira, fogão, DVD, aparelho
de som e pelo menos um telefone celular.

Na avaliação do aposentado João Galdino de Melo, 51, a renda familiar
mínima para definir classe média deveria ser de R$ 4.000 por mês. Isso
porque ele e os filhos têm rendimento conjunto de R$ 2.400 e a família
se considera pobre, morando na periferia da cidade, onde o Estado é ausente.

Os salários dos filhos não são suficientes para pagar as despesas deles,
e o pai, cuja pensão é de R$ 1.200, paga parte delas. Os três estudam em
faculdade particular.

Galdino leva a reportagem da Folha até sua casa, para mostrar o padrão
de vida da família. Na garagem, um Fiat Prêmio de 18 anos. A casa tem
TV, geladeira, fogão, aparelho de som, DVD e computador. A TV por
assinatura e a internet rápida são oferecidos por operador clandestino.
(...)

Independentemente dos eventuais erros cometidos no referido estudo, está
na cara que há muita gente aí com medo de perder as benesses do
assistencialismo estatal que o status de pobre lhes confere, bem como
alguns outros que assim reagem por puro oportunismo político, como
parece ser o caso do Presidente da Associação dos Moradores. O fato,
porém, é que a ascensão de classe, uma realização que, num passado não
muito distante, seria motivo de orgulho para qualquer um, hoje passou a
ser considerado quase uma desonra. É a velha luta de classes, cantada em
prosa e verso pela esquerda irresponsável, mostrando a que veio.

É conhecida a piada que conta a história de dois operários – um
brasileiro e outro americano – que trabalhavam numa obra de rua em Miami
quando, ao verem passar uma reluzente Ferrari, têm reações absolutamente
distintas. O americano, cujo pensamento foi certamente moldado pela
velha "ganância" ianque, diz a si mesmo: "vou trabalhar muito, de sol a
sol se preciso for, até poder comprar um desses". Já o brasileiro,
extravasando toda a sua raiva contra os ricos, vocifera: "Esse ladrão
deve ter roubado muito!".

Infelizmente, essa mentalidade tacanha, cada vez mais disseminada no
seio da sociedade brasileira, não nos levará muito longe.

do © 2008 MidiaSemMascara.org

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