por: Cláudio Emerenciano - Professor da UFRN
Ninguém escapa aos efeitos demolidores da crise ética e moral. A perplexidade, a angústia e as incertezas não abalam crenças e valores individuais. Não minam a fé e os sentimentos. Mas deflagram, psicologicamente, na sociedade, a insegurança, o derrotismo e a descrença na eficácia das instituições. Nada mais sedimenta a instabilidade do que a crise de legitimidade em suas instituições. A impunidade, no regime democrático, não é apenas causa de sua ruína. É fonte ilimitada e incontrolável de ampla inversão dos fins da civilização. Perdem-se as referências. Desmoronam limites para tudo e todos. O que dizer? O que fazer? O homem, em escala planetária, como Fênix (ave da mitologia grega), ressurge das cinzas. Restaura no próprio “inferno” que cria os alicerces de um novo paraíso. Anatole France (Nobel da literatura), em “Uma vida sem ilusões”, reconhece que, apesar de tudo, o homem encontra nos sonhos as motivações para vencer as adversidades que o cerceiam. A realidade reclama sonhos para mudar e avançar. Superam-se os medos e preconceitos.
Os degradantes e cínicos episódios do “mensalão de Brasília” são novas fases do “mensalão dos Correios” e do “mensalão de Minas”. Cada um, que sucede ao outro, amplia o grau de hipocrisia, desfaçatez, ignomínia e impostura. A nação, o seu povo, a sua civilização, frutos de anseios e ideais, sonhos e buscas, êxitos e retrocessos, esperanças e contradições, toda uma herança social é enxovalhada perante o mundo. Submete-se à vergonha e à desmoralização. Aldous Huxley (inglês), em “Contraponto” e “Sem olhos em Gaza”, devassa a crise moral e ética do mundo após a Grande Guerra (1914/18). Desvenda as tramas criminosas, a decadência e o esgarçamento de limites que, interdependentes, retrataram aquele tempo desvairado, desigual, ilógico, imprevisto e impactante. É o que vivemos hoje no Brasil. Transpondo todos os âmbitos para configurar o “império do absurdo”. Nunca se deve abdicar do exercício da indignação.
A impunidade nasce no Judiciário. Sobretudo ao se ignorar a relevância da instantaneidade ou celeridade das decisões. Que repercutem como paradigma jurídico, ético, político e moral. O caso da extradição de Cesare Battisti é exemplar. Tem repercussões internacionais. Percorreu cerca de seis meses até o julgamento. Cujo acórdão (decisão) ainda não transitou em julgado por não ter sido publicado. Ou o processo do primeiro “mensalão”, que se arrasta na “burocracia” do Supremo há quase quatro anos. Em 1947 o juiz Dan Haywood, no Tribunal de Nuremberg (Alemanha), ao julgar magistrados servis a Hitler, sentenciou o seguinte: “Homens que se sentam de toga preta no julgamento de outros, homens que, em posições executivas e legislativas, participam ativamente na disseminação da injustiça, da impunidade e da desmoralização das instituições. O princípio da lei criminal de toda a sociedade civilizada tem isto em comum. Qualquer pessoa que domina outra para cometer crime, qualquer pessoa que forneça a arma letal ou as condições para o propósito de um crime, qualquer pessoa que seja um acessório de um crime, é culpado”. Eis a questão. É hora de responsabilidade...
do:http://tribunadonorte.com.br/noticia/quando-cessam-os-limites/134665
MG > Levanta Brasil União e clamor uníssono contra os desavergonhados vendilhões da Patria!
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