Fica-se revoltado com a corrupção da máquina pública, mais uma vez escancaradamente denunciada, agora comprovada por registros incontestáveis, que tanto acusam corruptores e corrompidos como aliviam o autor da carga de mais de 30 processos a que responde.
Fica-se desanimado com os destinos do país, entregue a homens eleitos por sufrágio democrático e que, instalados no poder, jogam no lixo a ética e a moralidade, para dar vazão a seus interesses pessoais.
Escândalos na gestão pública e no procedimento de seus executores ocorrem em muitos governos. São comuns onde a civilização ainda é um manto frágil de aparências, que se rompe a qualquer investida de ganâncias e ambições, mas seus farrapos cobrem de impunidade os usurpadores de bens e direitos de seus povos.
Ao contrário, quando as instituições se fortalecem, a sociedade não perdoa a traição aos compromissos daqueles cujos nomes sufragaram: Com a pressão de seu clamor, exige a demissão dos indignos, a devolução de valores desviados, a condenação dos que incorreram em crime.
Entre os dois extremos, situar a posição ocupada atualmente por nossa pátria não é tarefa simples. Entretanto, é dever do cidadão consciente. De sua avaliação, decorrerá o aplauso aos avanços e a crítica aos retrocessos. Do somatório de milhões de avaliações, estará formado o quadro da opinião pública, aprovando e condenando. E é a opinião pública, quando se manifesta com a voz forte de sua autoridade, que pode corrigir rumos daqueles que receberam sua delegação para governar e administrar.
Somos culpados, em nossa omissão de cidadania, pelos males que nos afligem.Quando a mídia, atraída por novos assuntos ou pressionada pelas estruturas acusadas, transfere para arquivos mortos graves ocorrências que agrediram a sociedade, não reagimos, não questionamos, não cobramos. A conseqüência é a proliferação dos mesmos males, estimulados pela tentação de ganhos milionários, pela impunidade ou morosidade da Justiça.
Pacotes de dinheiro foram filmados passando às mãos, aos bolsos, às cuecas, às meias e às pastas de governador, administradores, parlamentares e até de magistrado, repetindo, em partido da oposição, a mesma corrupção patrocinada pelo do governo federal nos vergonhosos capítulos do "mensalão". Neste, maduro de quatro anos, os acusados voltaram à vida pública, ou reeleitos para novos
mandatos com nossos votos, ou atuando com desenvoltura em articulações políticas, sob o beneplácito de agremiações partidárias, o silêncio cúmplice de seus filiados e absolvição pelo dirigente máximo, que considera o "caixa 2" um procedimento "normal" na política brasileira. Naquele, recente, o exemplo induz os envolvidos a esperarem que assente a poeira do escândalo e fique tudo como antes em suas vidas, cargos e imagem, porém com gordos acréscimos no patrimônio financeiro.
O exemplo alicia para o mal e contamina o bom procedimento. Por que ser honesto, viver com os rendimentos do trabalho honrado, se há caminho mais curto e rendoso na improbidade, no roubo, na corrupção, se os farrapos das aparências são bastantes para dar a proteção da impunidade? Por que temer o clamor da sociedade, se em pouco tempo silencia, esquece e volta a sufragar os nomes que condenou?
O país, efetivamente, tem crescido economicamente. Houve-se bem na superação da última crise mundial, que fez crescer seu prestígio internacional. Muito deve a regulações de governo anterior e à determinação atual de segui-las. Mais ainda deve ao empresariado, que respondeu a estímulos de redução de taxas e apostou no consumo interno.
Não se pode dizer o mesmo do crescimento político. Grassa a corrupção, o empreguismo, a improbidade, com os maus exemplos dos presidentes das duas casas do Congresso, parlamentares e governantes, das empresas que corrompem para garantir a assinatura e a execução viciosa de seus contratos, com a omissão do chefe do governo. Este patrocina o culto à sua própria personalidade, ignora a
legislação eleitoral e mais se volta para freqüentes e custosas viagens ao exterior, com infelizes alinhamentos diplomáticos, do que para a administração dos problemas internos.
Se falta governo e se avolumam as crises, em número e gravidade, só resta a sociedade para tomar-lhe o lugar. Estudantes que ocupam a Câmara Legislativa do DF dão um exemplo, não necessariamente para ser copiado. Há que reagir, criticar, exigir providências. É hora de pressionar a mídia, o parlamento, as administrações federal e estaduais, com mensagens, manifestações de entidades de classe e atos públicos. Se não resultar, a massa do povo terá de ir para as ruas, como o fez outras vezes com bons resultados, para cobrar moralidade, probidade e castigo aos culpados.
MG > Levanta Brasil- Nós somos o povo – “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. (Parágrafo único Art. 1º)
Um comentário:
É muito duro para qualquer brasileiro de bem, ver o seu país atolado nesse mar de lamas, comandados por esses governos da chamada "Nova República".
O povo parece estar anestesiado e sem forças para reagir.
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