"Um fato de pouca importância mas que marcou bem este problema de uso de fontes no noticiário da imprensa escrita, com discussões paralelas na Internet, centrou-se na figura da Dona Dilma Vana Rousseff.
Ao procurar realçar duas personagens do atual (des)governo deste país, unidas no inglório passado como partícipes do desencadeamento de um processo de luta fratricida neste nosso Brasil, um órgão de imprensa relatou que Dilma Vana Roussef, atual Ministra Chefe da Casa Civil da Presidência da República, ex-militante da POLOP (Política Operária), da COLINA (Comando de Libertação Nacional) e, por fim, da VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária - Palmares), alcunhada por uns de guerrilheira e por outros de terrorista, fora participante ativa da chamada “Ação Grande ou Roubo do Cofre do Ademar”. Coisa de doido, restrita na realidade a uma fonte, a do o escritor Luiz Mir, autor do livro “A Revolução Impossível”, que teria confirmado a participação da militante Dilma, por informação de Carlos Paixão de Araújo, ex-esposo de Dilma e, logicamente, interessado na projeção do passado guerreiro da sua ex-esposa. Em que página de seu livro, “A Revolução Impossível”, Luiz Mir cita Dilma? Não cita. Fala de forma vaga e aleatória no “Roubo do Cofre do Adhemar”, nas páginas 606 e 607 ao abordar o problema dos “Fundos Revolucionários”( páginas 595 a 611).
As fontes da Folha de São Paulo e do O Globo chocam-se com matérias de repórteres e historiadores veiculados aos próprios jornais, assim com não resistem a reportagens de outros órgãos feitas desde 1997.
Uma das boas matérias sobre este assunto foi a publicada pela revista Isto É, n° 1.555, de 21 de julho de 1999, de autoria de Luiza Villaméa, baseada em fontes documentais do STM (Superior Tribunal Militar). Luiza Villaméa também é autora de reportagem especial, na revista Isto É, de 26 de junho de 2005, intitulada “Companheira de Armas”, onde ratifica sua afirmativa de que: “Dilma, na prática, jamais participou diretamente de ações armadas. O equívoco de que estava entre os 13 guerrilheiros que levaram US$ 2,5 milhões do espólio do ex-governador Adhemar de Barros foi desfeito na reportagem “A verdadeira história do cofre do Dr. Rui”, publicada por ISTOÉ em julho de 1999”.
A revisão do passado de Dilma, ligando sua participação na ação “Roubo do Cofre do Ademar”, não é assunto aprofundado ou firmado nas obras de Jacob Gorender, Marcelo Ridenti, Élio Gaspari, Fernando Molica e mesmo na de Luiz Mir, assim como nas de tantos outros que citam a “Ação Grande”. Ressalte-se que na reportagem de Luiz Maklouf de Carvalho, em entrevista recente com Dilma, para a Folha de São Paulo, o repórter retifica a afirmação feita em seu livro “As Mulheres que foram à Luta Armada”, desculpando-se com a entrevistada pelo erro.
Há algo de podre que as esquerdas têm receio de mexer, em nossa modesta opinião. O segredo só pode estar com alguém que participou da ação... Repassemos um pouco da história.
Dilma Vana Roussef, nos idos de 1967, com vinte anos de idade ingressou na POLOP (Política Operária), quando cursava a Escola Federal de Economia, em Belo Horizonte, MG, sendo recrutada pelo seu noivo e depois marido Cláudio Galeno de Magalhães Linhares.
Com as primeiras prisões da POLOP foi para o Rio e ingressou no COLINA (Comando de Libertação Nacional), outra organização marxista-leninista onde, segundo Luiz Maklouf Carvalho, ensinou marxismo para uma célula, escreveu artigos apara o jornal "Piquete", ajudou na infra-estrutura de algumas ações armadas (três assaltos a banco) e subiu para a direção do Colina. Não participou da ações armadas e seu desempenho não deve ter sido eficiente, pois parece ter desagradado aos militantes oriundos da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), como veremos pela reação de Darcy Rodrigues, no Iº Congresso da VAR-P.
Dilma esteve na reunião de Mongaguá (SP), quando o COLINA e a VPR criaram a VAR-Palmares, e estava na reunião de Teresópolis, no I Congresso da VAR-P em setembro de 1969 em Teresópolis, quando houve o "racha dos sete", Carlos Lamarca à frente. Dilma passou a militar na VAR-Palmares. Nesta reunião do Iº Congresso da VAR-P, Darcy Rodrigues ameaçou agredir Dilma, impondo a sua não participação em ações armadas, provável conseqüência de erros anteriores, mesmo em ações de infra-estrutura (logística e arapongagem - informações). Na ocasião foi defendida por Carlos Franklin Paixão de Araújo que seria seu futuro marido.
Lembramos que a “Ação Grande ou Roubo do Cofre do Adhemar” foi realizada em setembro de 1969, portanto após o I Congresso da VAR-P e que nela tomaram parte 13 militantes da VAR-P, entre os quais não estavam Dilma e seu companheiro na ocasião, Cláudio Galeno de Magalhães Linhares (Aurélio, Lobato), nem seu defensor e futuro companheiro na ida para Porto Alegre, RS, em 1969, Carlos Franklin Paixão de Araújo.
Dilma retornou em janeiro de 1970 para São Paulo onde foi presa e, como todo terrorista que se preze, segundo o Tortura Nunca Mais, “foi barbaramente torturada por 22 dias”, um recorde e fato estranho, considerando-se que Dilma, após responder a três processos e ser condenada, ficou presa no presídio Tiradentes (SP) só até 1973. Libertada, mudou-se para o Rio Grande do Sul em 1974, onde concluiu seu bacharelado em economia pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) em 1977.
Só recuperou seus direitos políticos com a Lei de Anistia, de 1979, militando com seu então marido Carlos Franklin Paixão de Araújo, no PDT. Milita no PT desde 2001, sem seqüelas e boa publicidade como ex-terrorista e torturada.
Vive numa boa. Tem indenização?
Vejamos bem: além de Dilma e Franklin que atuaram na VAR-P e conhecem seus meandros, os outros possíveis conhecedores do destino da parte evaporada da grana do Adhemar, são os gaúchos da VPR e VAR-P e os envolvidos com as ações da “Ação Grande”; por sinal, o Diógenes do PT está entre eles. Olha aí origem do lamaçal!
Os envolvidos na “Ação Grande ou Roubo do Cofre do Adhemar”foram:
a. Comandante da ação: Juarez Guimarães de Brito
b. Informante dos dados e autor dos levantamentos: Gustavo Buarque Schiller, o "Bicho".
c. Elementos da ação preliminar: o assalto à agência Muda do Banco Aliança, para obter fundos necessários para a ação do “Cofre”, 8 terroristas, todos da VAR-P:
Juarez Guimarães de Brito;
Darcy Rodrigues;
Chael Charles Schreier;
Adilson Ferreira da Silva;
Fernando Borges de Paula Ferreira;
Flavio Roberto de Souza;
Reinaldo José de Melo e
Sonia Eliane Lafoz.
d. Militantes da ação principal: 13 terroristas, todos da VAR-P.
Juarez Guimarães de Brito ("Juvenal", "Júlio");
Wellington Moreira Diniz ("Lira", "Justino", "Mario", "Lampião", "Virgulino");
José Araújo de Nóbrega ("Alberto", "Monteiro", "Zé", "Pepino");
Jesus Paredes Sotto ("Mário", "Reis", "Lu", "Roque", "Tião", "Elmo");
João Marques de Aguiar ("Braga", "Jeremias", "Topo Gigio");
João Domingos da Silva ("Elias", "Ernesto");
Flávio Roberto de Souza ("Marques", "Mário", "Juarez", "Ernesto", "Gustavo");
Carlos Minc Baumfeld ("Orlando", "José", "Jair");
Darcy Rodrigues ("Sílvio", "Léo", "Batista", "Souza");
Sônia Eliane Lafoz ("Bonnie", "Mariana", "Clarice", "Paula", "Rita", "Olga");
Reinaldo José de Melo ("Rafael", "Maurício", "Otávio", "Douglas");
Paulo Cesar de Azevedo Ribeiro ("Ronaldo", "Hilton", "Comprido", "Glauco", "Ivo", "José", "Luiz", "Osvaldo", "Pedro", "Rui");
Tânia Manganelli ("Simone", "Glória", "Marcia", "Patrícia", "Sandra", "Vera").
e.Militantes envolvidos na guarda e destinação do dinheiro:
Juarez Guimarães de Brito;
Wellington Moreira Diniz;
Luiz Carlos Rezende Rodrigues ("Chico", "Negão");
Edson Lourival Reis Menezes ("Miranda", "Sérgio", "Wander", "Emílio", "Gilson").
Luiz Carlos Rezende Rodrigues embarcou em 12 de agosto, a fim de comprar armas.
Edson Lourival Reis Menezes, via Argélia, foi fazer um curso de guerrilha em Cuba.
Luiz Carlos Rezende Rodrigues pediu para o militante Jorge Frederico Stein levar a quantia de 220 milhões de cruzeiros do Rio Grande do Sul para a Guanabara, em duas viagens.
Inês Etienne Romeu ("Alda", "Isabel", "Leda", "Nadia", "Olga", "Tania") recebeu 300 mil.
Maria do Carmo Brito ("Lia", "Madalena", "Madá", "Sara") entregou ao Embaixador da Argélia no Brasil, Hafif Keramane, a quantia de 1 milhão de dólares.
Isto é o pouco que sabemos, seguindo a rotina de nossos procedimentos. Para nós, um dos pontos básicos para a análise de dados que são coletados ou necessitam ser buscados para permitir a elaboração de uma análise, um estudo, ou uma matéria sobre determinado fato ou acontecimento é a seleção das fontes. Em assuntos de Inteligência um dado obtido deve ser confrontado com, no mínimo outras duas fontes, para ser considerado de certa forma válido, pois há necessidade ainda que estas fontes sejam consideradas quanto ao seu grau de idoneidade. Um dado obtido por mais de duas fontes todas consideradas inidôneas, não poderá ser classificado de idôneo pura e simplesmente."
Além disto, dados contraditórios surgidos na análise do fato necessitam ser pesquisados, buscando-se fontes que clareiem as contradições surgidas eliminando erros e tendências, inclusive de acreditar piamente nos pontos de vista dos “testemunhos de mestres”. Nos casos de pontos dúbios que permaneçam na análise, estes devem ser explicitados pelo analista que se responsabiliza por qualquer afirmativa ou negativa neles baseados."
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