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Agradeço as oportunas e coerentes intervenções dos comentaristas criticando o proselitismo irresponsável do globoritarismo apoiado pela mídia amestrada banalizando as Instituições e o Poder do Estado para a pratica sistemática de crimes. Os brasileiros de bem que pensam com suas próprias cabeças ja constataram que vivemos uma crise moral sem paralelo na historia que esgarça as Instituições pois os governantes não se posicionam na defesa da Lei e das Instituições gerando uma temerária INSEGURANÇA JURÍDICA. É DEVER de todo brasileiro de bem não se calar e bradar Levanta Brasil! Cidadania-Soberania-Moralidade

10.22.2008

Células-tronco de um país infeccionado pelo clientelismo e pelo aliancismo torpe

Dois "Obamas": Gabeira e Kassab
Por Arnaldo Jabor

Kassab é a vitória do útil, do concreto sobre o abstrato porque, se o Rio foi corroído por décadas de corrupção, moleza e burrice, S. Paulo é visto pelo PT como um "meio" para algo mais que não está ali.... Kassab pensa no presente. Sua ideologia vem das coisas, das ruas, dos meios-fios, dos centros degradados pelo "crack", vem dos imundos "outdoors" que enfeavam a cidade, veio da clareza de que S. Paulo precisava ser limpo, que recapear 1.300 km de estradas é mais importante que bravatas ideológicas, que pavimentar periferias é mais "de esquerda" que chorar pela sorte dos miseráveis, que subprefeitos têm de ser técnicos e competentes, em vez de "comissários do povo", pelegos enfurnados em "boquinhas" do Estado.

Nos velhos tempos do Partidão, o PCB, havia o conceito de "massa atrasada". Assim eram chamados os militantes que ainda não eram batizados pelas luzes salvadoras de Lenin ou Stalin, para fazer com fé e preparo a "revolução brasileira", esse milagre que nunca chegou. Hoje, a "massa atrasada" continua sendo o alvo da velha política brasileira e une tanto o populismo de direita do Rio como o populismo de esquerda de S. Paulo.

No entanto, as eleições para a Prefeitura de São Paulo e do Rio talvez inaugurem uma nova lucidez política pelas "massas atrasadas" ou massas iludidas ou massas do "chopinho" ou massas de manobra de supermercados evangélicos.

É uma ilação arriscada, mas o fenômeno Barack Obama com seu bordão de "mudança" pode ter uma sutil influência nas prováveis vitórias de Gabeira e Kassab.

Há algo novo nessa disputa; estamos entendendo que a competência de uma administração pública é mais importante que ideologias, que a eficiência presente conta mais do que o velho conto do vigário do "futuro"; gestão, em vez de revolução.

Bush sujou o nome da América e Obama nasce desse vexame de oito anos.

Gabeira e Kassab podem ser dois "Obamas".

Este artigo é uma adesão explícita aos dois candidatos, não porque prefiro branco ou preto, "fla ou flu", fulano ou sicrano, mas porque sou um cidadão preocupado com o delicadíssimo momento da vida brasileira, em que práticas maléficas por roubalheiras cariocas e utopias virtuais paulistas têm de ser apontadas.

Há semelhanças entre Gabeira e Kassab. Gabeira pode desconstruir uma velha mentira carioca e Kassab uma recente mentira paulista. Gabeira será uma interrupção nas décadas da sordidez populista que rege o Rio , será um "break" nos resquícios de chaguismo, de moreirismo, de brizolismo, de garotismos e da grande anomalia que foi César Maia, o prefeito que virou blog. Além da política, Gabeira é uma mudança cultural.

Em São Paulo o perigo era outro (creio que afastado): se Marta fosse eleita, a cidade congestionada de problemas urgentes seria apenas um trampolim ideológico para fortalecer o PT nas eleições de 2010, para o que restou da gangue bolchevista que o salvador Jefferson devastou. Os petistas sempre desconfiaram da democracia "burguesa", usando-a como um "meio" para chegar a um poder enfeitado pelas jóias falsas de um socialismo imaginário. E pior: como se acham "acima" do mundo "burguês", podem cometer todas as sacanagens, justificadas pelo "ideal": acham que o mensalão foi necessário, pois assim funciona o sistema burguês, que as alianças mais sujas são inevitáveis e têm até uma visível volúpia "revolucionária" (quase sexual) em se aliar com o mal em nome do bem.

Fingem ignorar crimes políticos, como vimos nos últimos anos. Sindicatos acabam de provocar quase uma invasão do Palácio do governo de S. Paulo, sob o comando de Paulinho da Força, usando a Polícia Civil para dissolver as acusações que pendem sob si; Lula pode defender Marta, depois de sua gafe contra Kassab, dizendo que ela é que é vítima de preconceito, como ele foi por não ter diploma, tática tradicional do PT desde que entrou no poder: a vítima é o réu ou vice-versa.

Kassab é a vitória do útil, do concreto sobre o abstrato porque, se o Rio foi corroído por décadas de corrupção, moleza e burrice, S. Paulo é visto pelo PT como um "meio" para algo mais que não está ali. Para eles, a democracia não é um fim em si mesma. E as prefeituras também não. Vêem com desprezo o conceito de "administração", que acham algo "menor", até meio reacionário, pois administrar é manter, preservar, em suma, "coisa de capitalistas". Kassab pensa no presente. Sua ideologia vem das coisas, das ruas, dos meios-fios, dos centros degradados pelo "crack", vem dos imundos "outdoors" que enfeavam a cidade, veio da clareza de que S. Paulo precisava ser limpo, que recapear 1.300 km de estradas é mais importante que bravatas ideológicas, que pavimentar periferias é mais "de esquerda" que chorar pela sorte dos miseráveis, que subprefeitos têm de ser técnicos e competentes, em vez de "comissários do povo", pelegos enfurnados em "boquinhas" do Estado.

Gabeira eu conheço há 40 anos. E não é por isso que voto nele, pois também conheci muito vagabundo nesse tempo.

Gabeira vai além de partidos ou ideologias fixas. É uma pessoa em transe. Houve vários "gabeiras". Na ditadura, sua passagem pela luta armada teve a marca da imaginação - o caso do embaixador americano inovou métodos em toda a esquerda mundial.

Exilado, atualizou-se no exterior, percebendo outros níveis de luta política que agregavam comportamentos sociais, sexuais, ecologia, direitos humanos e a realidade do mercado. Em suma, ele entendeu que o pensamento político "dedutivo", genérico, não levava a nada, que ideologias têm de surgir dos fatos a resolver e não o contrário. Sempre teve uma visão quase "artística" da política, até o dia em que botou o dedo na cara do Severino Cavalcanti, aquele que levava bola dos garçons do restaurante da Câmara e que Lula não teve vergonha de apoiar agora.

No Brasil de hoje, pós-ideológico, emergente, as prefeituras têm um papel purificador. Podem ser as células-tronco de um país infeccionado pelo clientelismo e pelo aliancismo torpe. As prefeituras são laboratórios de democracia e imaginação criadora. Artistas e intelectuais cariocas têm de se mexer agora, botar a boca nas ruas, pois a vitória de Gabeira ainda não é certa. Gabeira e Kassab têm de ser eleitos... Não apenas para melhorar as cidades a que presidirão, mas para haver um sopro de oxigênio na velha esquerda ou na velha direita, que, como escreveu Norberto Bobbio, se igualam pelo ódio à democracia.

do: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20081021/not_imp263461,0.php

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