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Agradeço as oportunas e coerentes intervenções dos comentaristas criticando o proselitismo irresponsável do globoritarismo apoiado pela mídia amestrada banalizando as Instituições e o Poder do Estado para a pratica sistemática de crimes. Os brasileiros de bem que pensam com suas próprias cabeças ja constataram que vivemos uma crise moral sem paralelo na historia que esgarça as Instituições pois os governantes não se posicionam na defesa da Lei e das Instituições gerando uma temerária INSEGURANÇA JURÍDICA. É DEVER de todo brasileiro de bem não se calar e bradar Levanta Brasil! Cidadania-Soberania-Moralidade

1.18.2008

Baboseiras amazônicas


O Estado de S. Paulo
Baboseiras amazônicas
Editorial

Depois do longo período de silêncio que se seguira à sua posse na Sealopra (sigla que consagrou o nome da Secretaria de Planejamento de Longo Prazo) que selou sua reconciliação com o governo que classificara como "o mais corrupto da história da República", o ministro Roberto Mangabeira Unger mostrou, finalmente, em que se concentravam seus profundos estudos, pesquisas e reflexões sobre o futuro do País. Convencido de que "transformando a Amazônia, o Brasil se transformará", sem explicar no que deseja que o Brasil "se transforme", o ministro do futuro organizou uma expedição à região, de 35 pessoas, entre assessores, parlamentares e empresários com a missão de, em quatro dias, convencer os governos locais da importância e da viabilidade do seu criativíssimo projeto de transposição de água da Amazônia para o Nordeste. É que os estudos e pesquisas do ministro levaram-no à surpreendente e inovadora conclusão de que "numa região sobra água inutilmente e na outra falta água calamitosamente". Parece inacreditável que ninguém antes tenha feito tal raciocínio lapidar!

É verdade que na década de 1970 o futurólogo norte-americano Herman Khan, famoso por suas previsões e propostas, mais ambicioso do que Unger, já tinha sugerido a interligação das bacias hidrográficas da Amazônia e do Prata, por meio da criação de lagos na região do Xingu, que seriam abertos pela explosão de duas ou três bombas atômicas. Afinal de contas, o berço esplêndido brasileiro tem certos defeitos congênitos de distribuição da água dos rios – mas nada que a hodierna tecnologia não possa resolver... Mas o professor Unger é mais conservador. Vai buscar, para compatibilizar a abundância amazônica com a carência nordestina, o sistema preferencial de manipulação hídrica dos antigos romanos, ou seja, o velho aqueduto. Assim, propõe ele que seja construído um grande aqueduto entre a Amazônia e o Nordeste, para que se resolva, ad perpetuum, o problema da seca nordestina.

Talvez a "água que sobra inutilmente" na Amazônia, pelo seu excesso de volume, fosse melhor aproveitada, sem risco de drenagem daquela área, se o ministro Mangabeira Unger aceitasse o conselho da prefeita de Santarém, a quem expôs o seu plano. Para dona Maria do Carmo Lima, eleita pelo PT, "antes é necessário que se cuide bem da água da Amazônia para o povo amazônico. Vivemos às margens dos maiores rios e não temos água dentro de casa". Em outras palavras, para quem conhece a Amazônia, lá o problema da inutilidade das águas abundantes se resolve com encanamentos e não com aquedutos.

Mas em sua expedição, acompanhado de comitiva de 35 pessoas – com a notória ausência da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que alegou razões de ordem pessoal para não ter de ouvir explanações tão relevantes sobre o "desenvolvimento sustentável" da região amazônica –, o ministro Unger também navegou por outras águas, anunciando outras idéias brotadas de sua Secretaria, tais como a tributação especial da mineração (no que se harmoniza com a diretriz governamental de aumentar impostos ) e a adoção do ensino de uma segunda língua para todos os índios (talvez por ter chegado à conclusão de que é a condição de monoglotas que tem dificultado sua sobrevivência).

Com essa expedição, o ministro confirmou que a Sealopra é um órgão do governo, custeado, é claro, com dinheiro dos contribuintes, em que se produzem idéias mirabolantes sem qualquer preocupação com sua utilidade, viabilidade e custo. Não foi sem razão que, comentando o Aqueduto Unger, o diretor da ONG Amigos da Terra, Roberto Smeraldi, lembrou que falta água no deserto do Saara e sobra no Canadá – e indaga por que, em vez de levar água da Amazônia para o Nordeste, não se a capta direto da Antártida.

O problema é que inventar enormidades não custa nada a quem as inventa, mas custa ao contribuinte, que é quem paga as equipes alocadas para o estudo e a discussão de idéias ridículas (para dizer o mínimo), transformando-se em financiador de baboseiras. Baboseiras como essa e como as do subordinado de Unger, Marcio Pochmann, presidente do Ipea, que quer resolver o problema do desemprego propondo 3 horas por dia de trabalho.

Seria gozação, se não fosse desaforo.

Postado por MiguelGCF
Editor do  Impunidade  Vergonha     Nacional

 

             

 




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