Pacto militar Evo-Chávez altera equilíbrio regional
A força militar conjunta que deve cuidar da defesa da Bolívia e da Venezuela prevê um contingente estimado em 22 mil soldados distribuídos em 20 bases binacionais instaladas na fronteira boliviana. Não é pouco. O Brasil mantém cerca de 25 mil combatentes em toda a Amazônia. Dos 28 países integrantes da América Latina e Caribe, apenas 10 possuem exércitos com mais de 20 mil homens.
O acordo que facilitou a criação do grupo foi assinado em maio de 2006 e ratificado pelos presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Bolívia, Evo Morales. A tropa terá comando partilhado e poderá ser requisitada em condições bem definidas de agressão externa ou "sob risco de ameaça à democracia". A Venezuela vai fornecer treinamento e equipamento. Pelo menos dois helicópteros Super Puma de transporte militar, doados por Chávez a Evo, já operam em La Paz com tripulação combinada.
Há duas semanas, quando o cargueiro Hércules da Força Aérea venezuelana pousou de emergência no aeroporto brasileiro de Rio Branco, no Acre - depois de ter sido apedrejado no aeroporto da cidade boliviana de Riberalta -, estavam a bordo 34 cabos, sargentos e pilotos, enviados de Caracas para instruir o pessoal de três regimentos. "É a comprovação da efetividade do pacto", disse ao Estado a cientista Mari Garcia, pesquisadora independente do Real Instituto Elcano de Estudos Estratégicos de Madri. Para ela, Chávez "tem a pressa que leva a constrangimentos como esse".
O episódio rendeu especulações de todos os tipos. O jornal americano Washington Times noticiou que o Hércules estaria transportando minério de urânio, vendido pela Bolívia ao Irã. De fato, ambos os países mantêm um tratado de cooperação no setor de energia. E há uma mina de urânio ativa na região de Tamichucua. Pior: um homem, Luis Ferrer, estava a bordo do avião levando US$ 160 mil em dinheiro vivo. Identificado como funcionário do gabinete de Chávez, Ferrer disse que o valor era parte de um empréstimo de US$ 872 mil concedido à Bolívia.
O acordo bilateral está sendo executado lentamente. Apenas em 2011 haverá cinco bases conjuntas em condições de emprego - batalhões de infantaria blindada, cujos veículos, velhos Urutus da extinta Engesa, apenas começam a ser modernizados. Ainda assim, o empreendimento é caro. Mantido o ritmo de implantação, o custo anual é estimado em US$ 50 milhões.
Por Roberto Godoy
Postado por MiguelGCF
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Editor do Impunidade Vergonha Nacional
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