Luiz Filgueiras e Reinaldo Gonçalves apresentam uma visão demolidora da economia do atual governo
A eleição de Lula à Presidência da República foi a operação política conservadora mais bem-sucedida da nossa história. O governo que, na origem, prometia mudanças tornou-se o governo do cinismo e da passividade. Essas são as conclusões que podem chegar os leitores de A economia política do Governo Lula, dos economistas Luiz Filgueiras, professor da UFBA e autor de A História do Plano Real, e Reinaldo Gonçalves, professor da UFRJ. Com texto atrativo tanto para especialistas quanto para quem pouco entende de economia e a partir da análise comparativa de expressiva quantidade de dados, os autores desmontam com facilidade o discurso oficial sobre o "espetáculo do crescimento" e sobre a primazia do desenvolvimento social.
A economia do Brasil de fato cresceu, mas não tanto quanto a de outros países emergentes, como a recuperada Argentina e a espetacular China. Não é verdade que a vulnerabilidade externa tenha diminuído, quando comparada com o resto do mundo; na verdade, aumentou. Não é verdade que o crescimento das exportações sinalize uma inserção internacional mais virtuosa, pois estamos vivendo mais um episódio de adaptação passiva e regressiva ao sistema econômico internacional. Estamos cada vez mais dependentes das flutuações do ambiente econômico externo e mais vulneráveis a crises. Ao contrário do que se diz, também não estamos diante de um processo de distribuição da renda, pois os rendimentos do trabalho, vistos como um todo, continuam a cair sistematicamente. O cenário apresentado é desolador. Luiz Filgueiras e Reinaldo Gonçalves elaboraram o "Indice de Desempenho Presidencial", que conjuga fatores como PIB, formação bruta de capital fixo, inflação, fragilidade
financeira, vulnerabilidade externa e o crescimento do país em relação ao resto mundo durante os anos de mandato de cada presidente. Lula possui o quarto pior índice, à frente apenas de Sarney, do segundo mandato de FHC e de Collor, o presidente brasileiro de pior desempenho da História. Em outras palavras, é triste ver que a condução da economia do país está equivocada desde que se iniciou o processo de redemocratização, e isso se deve à adesão ao modelo liberal periférico, que acentuado durante os governos FHC foi reforçado pelo atual governo, tornando agudos seus problemas.
Quanto ao combate à pobreza e às questões sociais, o livro revela que entre 2000 e 2006, o aumento substancial dos investimentos em assistência social (de 9,9 para 20,7%), em grande medida por conta da criação do Programa Bolsa Família, se deu à custa de reduções significativas nos orçamentos da educação (de 23,7 para 18,7%) e da saúde (de 45,2 para 38,6%). Para os autores, o Programa nada mais é do que uma estreita compensação econômica da política liberal ortodoxa adotada, que aumenta o
abismo entre ricos e pobres.
A economia política do governo Lula Luiz Filgueiras (professor associado da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal da Bahia (UFBA)), autor do livro A História do Plano Real (Boitempo, 2000, 2003, 2006). Reinaldo Gonçalves (professor titular de Economia Internacional do Instituto de Economia da UFRJ.Contraponto, 2007, 264 pp.
Postado por MiguelGermanoCF
Editor do Impunidade Vergonha Nacional
Um comentário:
BRASIL - ONGs, MINISTÉRIOS E A FAMÍLIA
AS ONGs
Já passou da hora de fazer uma separação (na verdade, triagem) entre ONGs sérias e não sérias no Brasil. A manutenção da mistura das ONGs acoberta a ação das “não sérias” e denigre (indevidamente) o trabalho necessário e eficaz das “sérias”. Certamente – excluímos desta reflexão os inocentes de espírito - deve haver um “ajuste” (ou seja, um acordo não explícito) entre “partes do Governo” e as “ONGs não sérias” para que esta triagem não ocorra (lembram da CPI das ONGs que se iniciou com grande estardalhaço e, depois, não deu em nada?). Não seria o caso de se ter um Cadastro Positivo das ONGs? Ou seja, estamos brigando contra as “armas”, quando na verdade o que mata são as “balas” (ou seja, quem municia as armas). Alguém dirá: isso é o óbvio. Eu digo: se é o óbvio, por que ainda não foi feito? A quem interessa não fazer? Será que o segmento da “sociedade consciente” ainda não percebeu que está sendo “usada” neste processo de denúncias diárias, mas sem punições. Cabe a esta sociedade reconhecer e apoiar o trabalho das ONGs sérias, dando a elas o reconhecimento pelo seu trabalho.
OS MINISTÉRIOS
O problema não está nos Ministérios; está no Governo (que quer maioria a qualquer custo) e alguns Partidos – na verdade “partidos” - que se aproveitam disso para levar (e muito) vantagem. Um ciclo vicioso que acaba “tirando cabeças” (Ministros) e “mantendo o restante do corpo” (o “partido”). Por outro lado, muitos dos atuais Ministros já foram decididos no Governo Lula, sancionados por Dilma na sua posse. Um excelente momento para que a Presidente Dilma – respeitando o PT que deseja o desenvolvimento do Brasil e não apena permanecer no poder – literalmente “colocar ordem na casa” e começar o seu PRÓPRIO Governo, deixando de ser – o que certamente não será – apenas um instrumento de passagem de caráter legal para a volta de quem saiu. Nada contra quem saiu (teve méritos, não há como não reconhecer), mas contra os acordos deixados voltados à manutenção do poder que agora, de forma muito visível, estão aflorando e exigindo soluções (não paliativos pontuais). Tenho absoluta certa que se a Presidente Dilma desejar manter o PT no poder – aquele que deseja ter continuidade através dos resultados alcançados – se assumir o SEU governo (deixando para trás o chamado “governo herdado de seu sucessor”) terá nas próximas eleições votos que não teve na atual eleição. Uma simples questão de coerência e bom senso político; respeito à sociedade como um todo (não custa lembrar, a mesma sociedade que elege os políticos).
A FAMÍLIA
A família (ainda) vai bem, obrigado. Acompanhando os fatos (alguns até reclamam), mas sem participar diretamente da solução deles. Votando com empolgação, mas esquecendo de cobrar de quem ajudou a eleger (uns chegam até a esquecer em quem votaram). Esquecendo o passado, focando apenas o presente e deixando o futuro para a solução dos políticos. Esquecendo rapidamente o último ato de corrupção apresentado na mídia tão logo desponte um novo no cenário. Por quanto tempo isso irá perdurar? Isso apenas Deus sabe e, na fala da grande maioria dos brasileiros, “Deus é brasileiro”. Acho que (necessariamente) não, pois se o fosse já teria dado um jeito no modo de ser do seu povo, ou seja, (de parte) da sociedade brasileira ausente de suas responsabilidades para com o País. Não há crescimento sustentável a médio e longo prazos de um país se sua sociedade não participa diretamente deste crescimento.
Roosevelt S. Fernandes
Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental / NEPA
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