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Agradeço as oportunas e coerentes intervenções dos comentaristas criticando o proselitismo irresponsável do globoritarismo apoiado pela mídia amestrada banalizando as Instituições e o Poder do Estado para a pratica sistemática de crimes. Os brasileiros de bem que pensam com suas próprias cabeças ja constataram que vivemos uma crise moral sem paralelo na historia que esgarça as Instituições pois os governantes não se posicionam na defesa da Lei e das Instituições gerando uma temerária INSEGURANÇA JURÍDICA. É DEVER de todo brasileiro de bem não se calar e bradar Levanta Brasil! Cidadania-Soberania-Moralidade

12.03.2007

Chávez vai incendiar o Reichstag?

Chávez vai incendiar o Reichstag?
Um caro amigo, dos melhores articulistas da imprensa brasileira, me manda um e-mail contestando que a Venezuela seja uma ditadura. Não. Ele não é simpático ao bolivarianismo, a exemplo de Luiz Carlos Bresser-Pereira em artigo na Folha de hoje, que vou comentar. Ao contrário: é crítico severo do bufão. Seguem trechos do que ele me escreveu.

Caro Reinaldo,

As tuas análises sobre a Venezuela contêm um erro básico. A Venezuela AINDA NÃO É uma ditadura. Se fosse, Hugo Chávez não precisaria de uma reforma constitucional (na verdade, uma nova constituição) para implantar a ditadura. Se fosse, o ditador não perderia o referendo (única exceção: ditaduras em vias de dissolução, como no caso do referendo de Pinochet).

Não é um detalhe formal. Ontem, a nação IMPEDIU a instalação de uma ditadura. Por ora, claro, pois Chávez continuará tentando. Apesar das pressões de um governo autoritário, as oposições fizeram campanha pública contra a nova constituição chavista — o que é mais uma prova de que não há, por ora, uma ditadura.

Não resta dúvida de que há uma situação de transição, na qual elementos de autoritarismo impregnam todas as instituições venezuelanas. Mas ontem o governo Chávez sofreu uma derrota histórica, coisa que tua caracterização impede ver.
(...)

A base política tradicional chavista não existe mais. Ela entrou em processo de ruptura no início do ano, com a proclamação do partido único chavista (o PSUV). A derrota de Chávez no referendo deve-se, essencialmente, à ruptura de setores tradicionais do chavismo com o caudilho. Esses setores apoiavam o caudilho contra a "velha oposição", ou seja, a AD e o Copei, que controlavam a democracia elitista venezuelana. Mas eles não apóiam a implantação da ditadura, e por isso romperam com Chávez.
Abraços.


Voltei
Sou como Shakespeare — num particular apenas, é claro: presto mais atenção à discordância de uns do que ao apoio de outros. Quando uma pessoa inteligente discorda de você, eis a hora de tomar mais cuidado, não é? Estamos diante de um caso assim.

Eu poderia começar com uma questão que me parece de princípio: uma democracia, por definição, está impedida de votar se quer ou não ser uma ditadura. Se a tanto é levada ou obrigada, então é sinal de que a democracia, como tal, já deixou de existir. Em seu lugar, tem-se um regime autoritário.

Concordo com a caracterização feita — e também já escrevi a respeito — sobre a erosão da base chavista. Mas noto que ela se dá porque o modelo bolivariano, a exemplo dos vários modelos de “socialismo”, não consegue distribuir leite e óleo comestível. Vale dizer: as conquistas “sociais” de Chávez se fazem à custa de golpear o mercado. A redenção dos oprimidos que ele prometeu não está se realizando. Na base de rejeição à ditadura escancarada — o país vive uma ditadura mitigada — estão mais questões práticas do que de princípio.

Por que isso é importante? Porque Chávez vinha conseguindo convencer o povo venezuelano, em sucessivas eleições, de que a democracia é irrelevante para a solução de conflitos. Mais do que isso: ele passou a considerá-la um entrave, um truque, uma manobra das elites. E esse juízo foi sucessivamente confirmado nas urnas. Ou seja: Chávez recorria e recorre a expedientes democráticos para golpear o... regime democrático.

A liberdade de imprensa, hoje, na Venezuela é relativa. Chávez não fechou a RCTV porque ela era golpista, mas porque ela era de oposição. E outros veículos estão hoje submetidos à mesma pressão. Um jornalista pode ser preso se publicar uma informação que o ditador considere falsa. Resultado: autocensura.

Liguei para um amigo para saber se as pessoas que foram flagradas atirando contra manifestantes anti-Chávez foram presas. Não. Entre eles, há um deputado distrital chavista. Nada lhes aconteceu. Pertencem a milícias formadas pelo ditador para constranger os opositores. Nas TVs estatais, ele dá plantão. O acesso à oposição é vedado. Os meios privados de comunicação, me dizem, depois do fechamento da RCTV, fazem de tudo para garantir a neutralidade. Neutralidade, nesse caso, entendam bem, faz o jogo do tirano. Mas é o que dá para fazer.

Se eu considerasse a Venezuela uma ditadura consolidada e escancarada, não teria aplaudido o resultado do referendo. Eu o chamei de um fio de esperança. Trata-se de uma ditadura mitigada. Mesmo sem a nova Constituição, Chávez dispõe de leis delegadas que lhe dão amplo e quase irrestrito poder para decidir os destinos da economia, da política e, pasmem!, até das pessoas.

Entendo o ponto. Considerar a Venzuela uma ditadura — e ponto final — poderia corresponder a abandonar o país à sua própria sorte, renunciando ao que há de mecanismos sobreviventes da democracia para recuperá-la dos escombros. Acho que esse raciocínio está correto. A sociedade ainda respira.

Mas considero essencial — até como advertência aos demais países da região, Brasil incluído — que se caracterize o processo venezuelano como a da construção de uma ditadura pela via da democracia. Chávez tem aquela cara de “porteiro de boate gay” (a imagem, parece, é de Jabor), mas não é um idiota. Entendam: é um “perfeito idiota”, claro, mas com teoria política, ainda que estúpida. Ele próprio já chegou a citar Gramsci como uma de suas referências. A forma “moderna” de golpear a democracia, na Venezuela, na Rússia ou no Brasil, é justamente esta: o emprego dos mecanismos democráticos.

O que fará Chávez? Vai “incendiar o Reichstag?” É pouco provável. O mundo contemporâneo não permite tal descaramento. Vai continuar em sua pantomima contra os inimigos internos e externos enquanto contar com o dinheiro farto do petróleo — ou enquanto o abastecimento de bens essenciais não entrar, de fato, em colapso. Vai tentar outros mecanismos para se eternizar no poder, ainda que seja obrigado a executar uma mímica de sucessão. Continua a ser o “ditador democrático” da Venezuela.

Por Reinaldo Azevedo

do BLOGReinaldo Azevedo

COMENTARIO: "Cumpanheirada" habituada à prepotência, ao despotismo e a achincalhar quem bem entende,  desistam da utopia de inovar a Constituição para se perpetuar no poder.
Postado por MiguelGCF

Editor do Impunidade  Vergonha     Nacional


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