Bem, a turma do “queremismo” se deu mal — e isso inclui, sim, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O Brasil não é a Venezuela. Não é a Bolívia. Não é o Equador. Não é a Rússia. No que diz respeito às instituições, estamos num patamar muito superior a todos esses países. Nos três latino-americanos citados, líderes de perfil populista chegaram ao poder à esteira de crises que já estavam, de fato, instaladas. Para ser uma solução? Para pacificar? Ao contrário. Crias da anomia política, os três investiram ainda mais na desordem — adotados que foram, de resto, pelas esquerdas. Um pequeno (bem pequeno) emblema do que digo se evidencia assim: um dos interlocutores do governo boliviano é ninguém menos do que Emir Sader — sim, ele mesmo. Que também mantém excelentes relações com os bolivarianos de Hugo Chávez. Nos três países, juntaram-se o populismo e o solene desprezo das esquerdas pela democracia. O resultado pode ser visto. A Rússia, que nunca chegou a ser uma democracia plena, ensaia, por outros caminhos, a volta à ditadura. Nos quatro casos, uma coisa em comum: a democracia é usada para golpear a democracia. É o que o PT tentou fazer no Brasil. É o que ainda tenta. É a vocação subjacente à sua tese de “constituinte exclusiva” para fazer a reforma política. E que se note: a aprovação ao governo Lula (vejam lá um post a respeito) continua alta. Não é uma rejeição ao presidente; é uma manifestação de respeito pelas regras do jogo, coisa a que os petistas não estão acostumados. O Apedeuta tem lá seus motivos para alfinetar FHC — os políticos e, sobretudo, os pessoais, de natureza psicológica. Mas, sendo quem é, deveria odiar o outro por uma razão em particular: herdou um país institucionalmente arrumado — com muito por fazer, claro, claro, mas arrumado. A democracia jamais recuou um milímetro nos oito anos do governo FHC. O país parece ter achado que a legalidade é uma coisa boa. Por Reinaldo Azevedo |
12.02.2007
Os números do Datafolha – O Brasil não é a Venezuela
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