Rodrigo Constantino
“Para que os modernizadores derrotem os reacionários, a América Latina deve livrar-se do complexo populista de uma vez por todas.” (Mendoza, Montaner e Vargas Llosa)
Uma década depois de Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano, o trio de autores ataca novamente com A Volta do Idiota, sem decepcionar aqueles que, com razão, gostaram do primeiro trabalho. Plinio Mendoza, Carlos Alberto Montaner e Álvaro Vargas Llosa uma vez mais detonaram cada dogma repetido com fanatismo pelos esquerdistas da região. Infelizmente, para os seres racionais, a quantidade de idiotas aumentou nesse período, como o próprio Mario Vargas Llosa reconhece no prólogo do livro, ao admitir que “a verdade é que em boa parte da América Latina se verifica um evidente retrocesso da democracia liberal e uma volta do populismo, inclusive em sua variante mais cavernosa: a do estatismo e coletivismo comunistas”.
Logo no começo do livro, os autores fazem uma análise psicológica dos idiotas, constatando que grande parte deles provém da classe média espremida e ressentida em relação à classe alta. O populismo e a esquerda oferecem uma válvula de escape para eles. Os autores concluem que “se pudéssemos deitar o personagem no divã de um analista, descobriríamos complexos ulcerados e urgências de vingança”. O idiota é um “comprador de milagres”, e o sonho utópico é uma fuga para frustrações e desejos reprimidos. “A ideologia lhe permite achar falsas explicações e saídas para a realidade”. As mentiras, repetidas reiteradas vezes, tornam-se verdades absolutas para a vítima. Há uma enorme necessidade de bodes expiatórios para transferir culpa e responsabilidade pelos fracassos. Os preferidos, como sempre, são a globalização, o neoliberalismo e os ianques. Reconhece-se facilmente um perfeito idiota quando ele culpa tais coisas por todos os males do mundo.
Os fatos da realidade, naturalmente, não são importantes para o idiota. Ele não liga, por exemplo, que em 1970, 44% da população mundial vivam com menos de 2 dólares por dia, e hoje, graças à globalização, 18% sofrem com essa penúria. A realidade sempre refuta o idiota, e por isso ele foge dela como o diabo foge da cruz. A visão marxista-leninista de exploração dos pobres como causa da riqueza dos ricos conquista o idiota através das emoções, da sua necessidade de crer que o sucesso alheio é a causa de sua situação inferior. Do que adianta explicar que a Venezuela, por exemplo, recebe bilhões de dólares todo ano com a venda de petróleo, e que sua miséria é causada pelo próprio povo e modelo econômico, e não pelos americanos que compram todo esse ouro negro? Ou para que serve mostrar que os países que abraçaram a globalização com vontade, mesmo sem recursos naturais, como nos casos de Taiwan e Cingapura, ficaram ricos? Seria de alguma utilidade mostrar que dezenas de milhões de chineses conseguiram sair da miséria depois das reformas liberais e abertura econômica parcial? Seriam apenas fatos, e o idiota já desenvolveu mecanismos de defesa contra esses ingratos.
Para o “querido idiota”, não vem ao caso que os países mais pobres do planeta são justamente os que carecem de investimentos estrangeiros, vistos como o próprio demônio por ele. A sua visão concebe a riqueza como um bolo fixo que só precisa ser mais bem repartido para que se acabe com a pobreza. Ele não tem a mais vaga idéia de como riquezas são criadas. O Estado é visto como o Deus que irá executar este milagre. Novamente, não importa que no passado o Estado sempre tenha intensificado os males que tentou corrigir. “Quanto mais espaço ele confiscou à sociedade civil, mais a desigualdade cresceu, e a corrupção, o clientelismo, o desemprego, a burocracia, a má prestação de serviços, os impostos e tantas outras carências”, afirmam corretamente os autores. O Estado paternalista, socialista ou populista apenas beneficia seus aliados, dilapidando a riqueza de forma irresponsável, em vez de criá-la. Errar pode ser humano, mas insistir no erro é burrice. Em nome do “social”, palavra mágica idolatrada pelo idiota, as calculadoras e a lógica econômica são jogadas no lixo, e todo tipo de absurdo já testado e fracassado é repetido com fé cega pelos idiotas. O melhor exemplo de todos está na Venezuela, onde o projeto a ditador Hugo Chávez fala em um “socialismo do século XXI”, como se não se tratasse das mesmas idéias estapafúrdias que levaram 100 milhões para a cova, sem falar dos miseráveis que pariram.
Por falar dessa pitoresca figura, Chávez é o grande popstar do livro, como não poderia deixar de ser. Com a decadência do octogenário ditador cubano e com o preço do petróleo nas nuvens, Chávez assume a liderança dos perfeitos idiotas latino-americanos, despertando suspiros emocionados com cada retórica populista. Há uma atração mágica dos idiotas pelos caudilhos. Chávez é o ícone do que os autores chamaram de “esquerda carnívora”, aquela mais reacionária de todas, que ainda consegue pregar o socialismo depois de seu vergonhoso fracasso. Em contrapartida, os autores chamam de “esquerda vegetariana” aquela que, ao menos, respeita um pouco as inexoráveis leis do mercado. Volta e meia a retórica raivosa rouba a cena, mas essa esquerda pelo menos aceitou parcialmente a realidade como ela é. Os casos citados estão basicamente no Chile e no Brasil. Em relação a este último, eu acrescentaria que Lula não é da esquerda light por opção, mas porque as instituições brasileiras, por mais capengas que sejam, não o permitem ainda seguir na direção de seus colegas Chávez, Evo Morales e Fidel Castro. Mas que ninguém se engane, para não parecer um desses idiotas: Lula e boa parte do seu PT gostariam de ir nesse rumo, o que fica provado por várias de suas declarações e pelo Foro de São Paulo.
O livro segue refutando cada falácia repetida pelos papagaios socialistas, assim como expondo suas infinitas contradições. Algumas são tão escancaradas que chega a despertar dó o desespero dos idiotas na tentativa de fuga da realidade. É o caso do embargo americano a Cuba, usado como escusa para a miséria na ilha-presídio ao mesmo tempo em que o comércio com os americanos é tachado de “exploração”. Os idiotas ainda não decidiram se é bom ou ruim praticar comércio com o “império”. Como este, existem vários outros casos de evidente contradição citados no livro, que é uma verdadeira vacina contra a idiotice.
Uma parte do livro é dedicada aos idiotas além das fronteiras da América Latina, “intelectuais” que dão respaldo a essas patetices repetidas por aqui. Um dos maiores ícones desses manipuladores intelectuais é Noam Chomsky, que chegou a apoiar Heloísa Helena na candidatura à presidência brasileira. No Fórum Social Mundial, evento que ocorre todo ano, esses “intelectuais” são ovacionados por uma legião de idiotas latino-americanos toda vez que alimentam os sentimentos antiamericanos ou contra a globalização. A inveja mesquinha ganha assim uma aura de justificação intelectual, ainda que falte totalmente um mínimo de argumentação lógica. As massas de ressentidos autômatos não ligam para esses detalhes de pequeno-burguês.
Consta no livro um breve estudo de casos de países que, em poucos anos, saíram de uma situação delicada para um patamar de riqueza dos países desenvolvidos. São os casos da Espanha, Cingapura, Irlanda, Nova Zelândia, alguns emergentes europeus e o Chile, na América Latina, que ainda não chegou lá, mas desponta em relação aos seus vizinhos. Em todos eles encontramos os mesmos denominadores comuns: reformas liberais, respeito às regras do jogo, economia de mercado e abertura econômica. Por outro lado, os países que insistem no dirigismo estatal, no planejamento econômico através de uma autoridade central, no forte protecionismo comercial e isolamento, no nacionalismo boboca e na concentração de poder em vez do império das leis, permanecem no atoleiro da miséria.
Por fim, os autores apresentam uma pequena lista de dez livros que podem ajudar na cura da idiotice política que, segundo eles, não é um mal incurável. A terapia consiste na observação da realidade e no exercício de argumentos racionais. No entanto, isso é mais fácil falar que fazer, especialmente depois de tanto tempo de lavagem cerebral por parte dos socialistas. Os fumantes sabem que devem parar de fumar, mas isso não é garantia de sucesso. Porém, trata-se de um primeiro passo necessário, ainda que não suficiente. Se os idiotas nem sequer reconhecerem a idiotice, serão casos perdidos. Entre os livros que podem contribuir no doloroso processo de cura dessa doença, estão O Caminho da Servidão, de Hayek, Ação Humana, de Mises, A Sociedade Aberta e Seus Inimigos, de Karl Popper, Liberdade de Escolher, de Milton Friedman, e Quem é John Galt?, de Ayn Rand. Eu assino embaixo dessa excelente lista, recomendando a leitura desses livros. Se, após a leitura deles, o colega continuar um idiota, então é por pura escolha própria. Ou, claro, pelo motivo que faz com que tantos “intelectuais” corram ao encontro do socialismo: a completa falta de caráter.
por Rodrigo Constantino
http://rodrigoconstantino.blogspot.com
COMENTARIO: Tambem assino pois o idiota confirma o dito latino: "Caecus et ignorans passu gradiuntur eodem".O cego e o ignorante caminham ao mesmo passo.
Postado por MiguelGCF
Editor do Impunidade Vergonha Nacional
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