por Ipojuca Pontes em 03 de setembro de 2007
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"Quanto mais agitação, melhor para o processo revolucionário”
Vladimir Lenin
A semana transcorreu intensa de acontecimentos imprevistos, sublimes uns, miseráveis outros, mas todos reveladores do caos revolucionário reinante em solo pátrio. Senão, vejamos:
Em entrevista exclusiva concedida ao jornal Estado de São Paulo Lula da Silva nega, ainda uma vez, que será candidato ao terceiro mandato presidencial, em 2010. De fato, para um jornal tido como conservador, Lula apenas, como de hábito, tergiversou: “Quando um dirigente político começa a pensar que ele é imprescindível, que ele é insubstituível, começa a nascer um ditadorzinho”. Bem, certo. E daí?
Daí o seguinte: em meio a histórica decisão do Tribunal Federal (STF) que abre processo contra a “organização criminosa” instalada antes no âmago do governo petista (e incide diretamente sobre a “quadrilha” do mensalão comandada pelo “capitão do time” Zé Dirceu), os órgãos de propaganda oficiais e pára-oficiais começam a anunciar, de forma subliminar, a importância política do número “3”, dando a entender que ele é, para além de cabalístico, decisivo para o destino político-administrativo do país.
Trata-se aqui de adotar, subestimando boa parte da consciência da nação, com muita antecedência das próximas eleições, a técnica de indução psicossocial que o sanguinário Lenin dizia essencial para se criar no inconsciente das massas um apelo inarredável (o teórico-prático comunista chegou a convocar Pavlov, o fisiologista do reflexo condicionado, para melhor persuadir o cérebro dos russos). Numa dessas mensagens cabalísticas, veiculado em site de poderoso banco estatal, aparece uma mocinha angelical com o número “3” no busto, e logo em seguida o apelo subliminar: “O Planeta é todo seu! Tome 3 atitudes por ele todo dia!”. (Para levar Lula ao 3º mandato, a “hegemonia partidária” é capaz de qualquer “travessura”).
A técnica é infalível. Poucos escapam da propaganda subliminar, uma espécie de preparação (psicológica) do inconsciente coletivo para desfazer qualquer resistência à definitiva instalação do poder totalitário. Só para lembrar: quando Fidel Castro, nos seus primórdios, sem revelar ao povo cubano suas reais intenções de comunistizar a ilha, quis nela infiltrar o princípio ativo do marxismo-leninismo, fez imprimir centenas de milhares de adesivos, cartazes, anúncios em que se lia o seguinte: “Se Fidel é comunista, que me ponham na lista: eu estou de acordo com ele”. (Os que não concordavam com as intenções do “Comandante” eram imediatamente levados ao “paredón” ou trancafiados nas infectas prisões de La Cabaña e Puerto Boniato).
Mas o número “3” cabalístico também abre a mensagem convocatória do III Congresso Nacional do PT, circulando na internet, cujo objetivo básico é, ou era, a mobilização partidária para a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte “exclusiva”. Para além da discussão sobre a alteração de estatutos e programas internos, o encontro realizado em São Paulo pretendia objetivar uma reforma política que, por maioria simples, aprove emenda constitucional permitindo o terceiro mandado de Luiz da Silva - o que, se ocorrer, pode e deve ser encarado como puro golpe de Estado.
A julgar pela exibição do vídeo convocatório (YouTube, 05/06/07, ainda em exibição) do III Congresso, o PT, conforme é dito abertamente e pela primeira vez, segue in totum as propostas deliberadas no Foro de São Paulo, entidade comunista instituída pelo ditador Fidel Castro em 1990, cujo objetivo é recriar “na América Latina o que foi perdido no Leste europeu”. Pregando a emergência do “Socialismo Petista” (que tem origem nas parolagens de Lenin e Stalin), o partido quer erguer o mais rápido possível a sua “democracia popular”. Para isso, opera decidido para liquidar o capitalismo, regular o mercado, derrubar a globalização, intensificar de modo radical as reformas rural e urbana (com Stédile à frente), destruir as elites neoliberais, confrontar o imperialismo ianque e quebrar o poder das classes dominantes - o que não deixa de ser uma ironia, pois a classe dominante hoje é justamente a endinheirada elite petista.
A idéia fundamental, expressa na redundante chamada televisiva, é colocar o Estado a serviço do PT, sem o qual seria impossível se estabelecer - é assegurado - a “hegemonia da classe trabalhadora”. Como meta urgente, para os próximos três anos, o partido pretende acelerar a ação da militância nos movimentos sociais, nos parlamentos, nos governos municipais e estaduais. Em resumo, o programa do PT deixa claro que só ocupando de forma plena a máquina do Estado será possível a construção do “Socialismo petista”, cujo objetivo é a “redistribuição da riqueza" e a “igualdade social”
O intimorato leitor há de perguntar: - Mas, e a sociedade? E os que não estão interessados no “socialismo” do PT, na “hegemonia” do partido da classe trabalhadora e suas mentiras sistemáticas? E o Supremo Tribunal Federal que, em sua decisão, abre perspectiva de se levar os ex-dirigentes petistas para a cadeia?
Bem, a resposta a essa pergunta quem dá é o líder da facção Democracia Socialista dentro do PT, deputado gaúcho Raul Pont, antes da farta rodada de pizza num jantar de desagravo ao indiciamento de outro deputado da agremiação, o paulista João Cunha, processado por lavagem de dinheiro e peculato. Diz ele:
- “Não há nenhuma novidade. O desgaste político que o partido sofreu já foi pago”. Está, assim, para o petista, tudo limpo.
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