Mencionei que escreveria sobre o projeto brasileiro, que é de pobreza e não de riqueza. Essa é uma prioridade que se constata a cada dia, a cada ação das autoridades públicas e dos governantes brasileiros.
O assunto é tabu e mexer com isso é correr o risco de ser chamado de burguês, acusado de conspirar ou bobagens semelhantes, quando o motivo da crítica é apenas e tão-somente o desejo de ver cumprida a Constituição, onde diz que todos são iguais perante a lei.
Não é verdade na prática. Alguns - especialmente os detentores dos cargos públicos e quem está sob seu círculo de influência - são mais iguais do que os outros... Se for filiado ao partido político de origem do governo, mais igual ainda. Por isso a opção por um projeto de um Brasil pobre , a ser mantido nessa condição. É a fórmula ideal de perpetuação no poder de seus atuais detentores, pela promessa de uma esmola perene que permita a quem a receba sobreviver sem se esforçar, perpetuando-se nesse circulo vicioso de paralisia e dependência a mesma situação de miséria.
Em contrapartida, pela certeza da vitaliciedade da esmola improdutiva, milhões de brasileiros são estimulados a não se esforçarem para sair dessa situação de pobreza. A contrapartida da esmola - hoje dada a título de bolsa disso e daquilo - seria a existência de projetos e investimentos para tirar dessa situação as pessoas que recebem o óbolo oficial.
Seria uma esmola de emergência, de transição. Não é. É projeto de poder. De manutenção do poder. De ampliação do poder. Pela miséria de quem recebe a esmola. Miséria estimulada.
O governo atual está estruturado no discurso da absolvição eterna pela reeleição de qualquer pecado e na ameaça do conflito ostensivo de classes, jogando quem recebe os benefícios sociais contra quem contribui com os recursos (capitula, melhor dizendo) para custear essa política de manutenção da pobreza.
O Brasil precisa de um projeto de riqueza. De investimentos que gerem escola e emprego para quem recebe a esmola ter a perspectiva de sair dessa situação e evoluir como ser humano no aspecto físico, mental, intelectual e de plena cidadania.
Tenho certeza absoluta de que a oprimida e espremida classe média brasileira continuaria pagando a escorchante carga tributária que a depena se as ações do poder público fossem para tirar os pobres dessa situação e dar-lhes condições, pelo estudo e trabalho, de se tornar também classe média produtivos.
O problema é que aí eles não seriam mais votos de cabresto e dependentes dos favores de quem venera a pobreza como estado permanente e forma de dominação e manutenção no poder.
Tudo que se vê e se ouve nos movimentos de nossos governantes e políticos, na esfera da União, é voltado para o projeto de poder que passa pelo projeto de pobreza. E quem discerne, percebe, questiona, é torpemente acusado, na matreira tentativa de torná-lo suspeito e não vítima.
Acredito que seja possível o Brasil crescer e se tornar mais igualitário através da Educação. Ainda não perdi a esperança, graças ao contato pessoal que semanalmente tenho com jovens do ensino médio, especialmente nas regiões mais periféricas de São Paulo.
Mesmo carentes, a opção deles é pelo projeto de riqueza e não pela manutenção da pobreza a que estão submetidos. Não querem ser eternamente condenados a depender de um favor do rei.
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