Senado. Depois de ouvir a inúmeros apelos para que se distancie do
cargo, Sua Excelência, agora absolvidíssima, foi para bem longe.
Coerentemente com seu histórico, teve a precaução de avisar que volta na
semana que vem. Mas já é um começo.
Renan não disse para onde ia. Sabe-se apenas que quem pagou a viagem foi
você. Acompanhado da mulher, Verônica, o senador deixou, bem cedinho, a
mansão provida pelo erário. Enfiou-se no confortável carro oficial. E
ordenou ao funcionário público que lhe serve de motorista que rumasse
para a Base Aérea de Brasília. Ali, embarcou, às 9h50, num avião da
valorosa Força Aérea Brasileira.
Reza a praxe brasiliense que os presidentes da Câmara e do Senado, assim
como os ministros, podem requisitar jatinhos à FAB. O diabo é que nem
Renan nem a mulher dele voaram em missão oficial. E não há nos
alfarrábios da Aeronáutica justificativa para a cessão de aeronaves em
deslocamentos de passeio.
No caso específico, as asas da FAB serviram de escudo antivaia. Como
senador, Renan dispõe de uma cota de passagens aéreas. São custeadas, de
novo, pelo contribuinte. Decerto esquivou-se do saguão do aeroporto e do
avião comercial porque sabe que daria de cara com a fúria do cidadão comum.
Resta ao brasileiro uma saída: deve-se aplaudir, ovacionar, dar vivas e
cantar loas a Renan. Do contrário, Sua Excelência continuará queimando o
querosene de aviação que o governo-companheiro não hesita em pagar.
Pode-se também ajuizar contra Renan uma ação popular por abuso das
prerrogativas do cargo. Mas o senador, por inocente, não merece.
Ao distanciar-se de Brasília, o eterno presidente do Senado deixou para
trás o prenúncio de uma boa nova: o relator do segundo processo que
tramita contra ele no Conselho de Ética indica que mandará a peça ao
arquivo.
por José Cruz
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