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Agradeço as oportunas e coerentes intervenções dos comentaristas criticando o proselitismo irresponsável do globoritarismo apoiado pela mídia amestrada banalizando as Instituições e o Poder do Estado para a pratica sistemática de crimes. Os brasileiros de bem que pensam com suas próprias cabeças ja constataram que vivemos uma crise moral sem paralelo na historia que esgarça as Instituições pois os governantes não se posicionam na defesa da Lei e das Instituições gerando uma temerária INSEGURANÇA JURÍDICA. É DEVER de todo brasileiro de bem não se calar e bradar Levanta Brasil! Cidadania-Soberania-Moralidade

9.30.2007

O golpe já começou(2)

Quando escrevi, há dois domingos, uma coluna com este mesmo título, não imaginava que iria, pelo menos tão cedo, abordar o assunto novamente. Peço desculpas a quem não leu o primeiro “capítulo”, pois é claro que não posso repeti-lo. Mas não tem importância, porque ele, em última análise, procurava apenas lembrar como o Senado e a Câmara de Deputados são hoje, de modo geral, malvistos ou mesmo abominados pela maior parte do povo, e uma das conseqüências é a extinção do primeiro já ser amplamente sugerida, o que abre um caminho talvez tortuoso, mas claro, para a extinção da segunda.
Enfatizei o papel alarmante que ambas as Casas vêm desempenhando nesse processo. Com o caso Renan, o Senado parece estar à frente na competição pela impopularidade, mas isso, acredito eu, é temporário.
A Câmara continua a também ser detestada, tida como mera fonte de corrupção, ineficiência e irresponsabilidade. Isso acaba se estendendo aos políticos e às atividades políticas de qualquer espécie. Para generalizar, admito que um pouco grosseiramente, o povo acha que político e ladrão, ou patife, são sinônimos. E parece que as duas instituições, com exceções individuais aqui e ali, que não afetam significativamente o quadro mais amplo, ainda não avaliaram com suficiente seriedade a contribuição decisiva que vêm dando a essa situação.
Quando e se isso acontecer, talvez já seja tarde demais e a “saída natural” certamente não será a democracia precária em que vivemos, apesar de ela ter sua robustez amiúde louvada, quase sempre da boca para fora e levianamente. Ela não é robusta coisa nenhuma e, sem o Congresso, desaparecerá. A “saída natural”, com praticamente toda a certeza, será um “governo de salvação nacional”, uma “frente avançada pelo bem do Brasil”, uma “união nacional patriótica”, uma “aliança democrático-progressista”, ou qualquer rótulo bem soante desse tipo, dos quais há vasto repertório entre ditaduras e governos autocráticos. Ou seja, repetindo uma afirmação em que, também alarmantemente, cada vez menos se acredita: se com o Congresso estamos mal, sem ele estaremos pior.
Há os cínicos, primários, ignorantes e afins que sustentam que a repulsa à maneira, digamos, nojentinha, com que os políticos se têm conduzido reflete simplesmente o desconhecimento popular da famosa “governabilidade”.
O país assiste a um jogo de distribuição de cargos e vantagens aos partidos da chamada base governista e, quando alguém estranha a maneira despudorada, indecente e danosa aos interesses do país (pois dificilmente a aptidão para o cargo ou mesmo a necessidade dele é levada em conta), com que isso se faz, é taxado de ingênuo e até antidemocrata.
Em qualquer país do mundo, a governabilidade é garantida por esse loteamento do poder — pontificam com o ar cansado do sábio que pela décima vez tenta ensinar algo ao néscio. É que nós somos atrasados e não temos maturidade para perceber isso.
Mas temos, sim, porque, se é verdade que a governabilidade nesses tais outros países é quase sempre obtida por meio de negociações políticas, esta não é feita para a distribuição imoral de “gente nossa” onde couber, não importando a qualificação dessa gente, ou mesmo a inexistência de necessidade administrativa para ela. É feita com partidos de perfil definido, em torno de programas, filosofias de ação, políticas concretas e não de empreguismo desenfreado e descarado. A negociação é normal e necessária. A safadeza política, o clientelismo e o quero-o-meu não são. É isso que aqui choca, desaponta e murcha a esperança. E continuam a persistir na noção de que somos todos burros e ninguém está enxergando nada. Burros são eles, que, de tão sabidos, é que vão dar com os ditos burros n’água, se persistirem nessa insensatez e na convicção de que podem continuar a nos impingir o que bem entendem.
Como também disse no capítulo um, não acredito na existência séria de golpismo no Brasil de agora. “Fora Lula” é uma palavra de ordem golpista, sim, que deve ser fortemente repelida por quem se quer democrata. Contudo, é mais um berro sem muito eco do que uma tendência política a ser levada em conta. E o governo tampouco dá indícios de que é golpista. Mas aí é que está o ponto G (G de “golpe”): não é preciso, está tudo correndo no automático, o serviço está sendo feito pelo Congresso, pelos partidos e pela repercussão de seus atos junto ao povo.
Resta a polissilábica e sonorosa discussão dos especialistas sobre se o governo que viria seria de direita ou de esquerda. Besteira, desperdício de papel, erudição mal-digerida, comprometimento quase religioso com alguns princípios ou dogmas e muito pensamento voluntarista. Independentemente de discussões sobre o que é direita e o que é esquerda, os fatos têm de ser levados em conta. E um dos fatos principais é que, nem com essa valiosíssima ou imprescindível colaboração do Congresso e a desmoralização dos políticos, o partido do governo não tem nomes, nem de muitíssimo longe, que sirvam de alternativa para Lula. Ele não pode passar sem Lula, e Lula pode perfeitamente passar sem ele, como, aliás, já tem dado a entender, na minha opinião. Não só sem ele como sem qualquer outro partido, porque os outros se desfazem na sua inoperância e irrelevância para o homem comum. Só restou, visível e forte, o lulismo. Portanto, podem os muitos que assim desejam continuar a ficar discutindo os rumos ideológicos que o país tomará, se a crise política continuar e chegar a um ponto insustentável. Ao presidente nunca interessou muito esse negócio de esquerda ou direita.

Agora com mais razão, pois tanto fizeram e deixaram fazer, que só dá ele. E ele brinca nas onze, todo mundo sabe, é só informarem para que lado ele chuta.

Por JOÃO UBALDO

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