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Agradeço as oportunas e coerentes intervenções dos comentaristas criticando o proselitismo irresponsável do globoritarismo apoiado pela mídia amestrada banalizando as Instituições e o Poder do Estado para a pratica sistemática de crimes. Os brasileiros de bem que pensam com suas próprias cabeças ja constataram que vivemos uma crise moral sem paralelo na historia que esgarça as Instituições pois os governantes não se posicionam na defesa da Lei e das Instituições gerando uma temerária INSEGURANÇA JURÍDICA. É DEVER de todo brasileiro de bem não se calar e bradar Levanta Brasil! Cidadania-Soberania-Moralidade

9.16.2007

NINGUÉM PODE NEGAR

RENAN É BOM COMPANHEIRO, NINGUÉM PODE NEGAR

MARIA LUCIA VICTOR BARBOSA

14/09/2007

A absolvição de Renan Calheiros provocou mais indignação do que o
normal. É isso significa cansaço cívico da Nação causado por saturação
das bandalheiras cometidas pelos políticos. Note-se que as reações não
vieram apenas da elite (termo, aliás, incorretamente usado pela
esquerda), dos letrados, dos cansados. Pela manhã, ao me entregar um
jornal, a zeladora do prédio onde moro, senhora simples, mas digna, me
disse com ar horrorizado e olhos postos na manchete que indicava a
absolvição de Calheiros: "não é possível, não posso acreditar que isso
aconteceu a esse aí".

O mesmo estupor foi demonstrado pelos porteiros e outra senhora que me
ajuda nos trabalhos domésticos duas vezes por semana. Eles não são ricos
nem poderosos, mas gente de pouca instrução, que paga suas contas em
dia, que manda os filhos para a escola pública na esperança de que a
educação dê a eles uma vida com melhor qualidade, vida que eles não
puderam ter.

Na Internet jorram mensagens de indignação, de inconformismo diante da
monumental desfaçatez dos quarenta e seis senadores da República. Nem os
muitos mensaleiros perdoados por seus pares, nem os fragorosos
escândalos que começaram na esfera do Executivo com o caso Waldomiro
Diniz provocaram tamanha reação. Talvez, porque Calheiros, ao tentar
justificar o injustificável fato de um lobista de empreiteira entregar
pagamento mensal a sua amante, afrontou aos que possuem um mínimo de
discernimento. Foi como se ele dissesse: o povo é idiota, portanto, é
fácil enganá-lo com uma lorota qualquer.

Além do lobista acumularam-se pilhas de documentos, de fotos de empresas
fantasmas, de acusações de sonegação fiscal, de compras feitas por
laranjas. Nas disso foi dado como prova contra Renan Calheiros que,
acenando com denúncias semelhantes, intimidou seus pares e foi absolvido.

Trinta senadores pediram a cassação do presidente do Senado. Quarenta
(que número significativo a lembrar os 40 de Ali-Babá e os 40
mensaleiros) o absolveram. Seis se abstiveram de votar, colaborando,
assim com o companheiro e atestando sua índole de covardes, de
pusilânimes, dos que se escondem sem coragem de assumir seus atos.

Todos os tristes episódios que vêm se multiplicando nesse governo
mostram com é pobre, abjeta, imoral nossa cultura cívica. Comparemos,
por exemplo, o Brasil com o Japão. Neste país renunciou o premiê Shinzo
Abe por conta de suspeita de corrupção. Sua aprovação popular que era de
70% quando assumiu o cargo havia caído para 29%, o que demonstra que no
Japão tem povo no sentido de impor conduta e direção aos governantes. E
na sua despedida em cadeia de televisão, disse Shinzo Abe: "eu me vejo
incapaz de cumprir minhas promessas – e eu me tornei um obstáculo para
cumpri-las"."É hora de alguém mais viável assumi-las". Nessas breves
palavras, quanta diferença em relação ao que se passa entre nós, quando
mesmo em face das mais claras evidências, altas autoridades que deviam
dar exemplo se agarram desavergonhadamente aos cargos demonstrando que a
elas só interessa o poder pelo poder.

Mas quem foi o grande ganhador no escândalo Renan Calheiros? Teria sido
o senador que se manteve no cargo mesmo sendo indigno dele? Teria sido o
Senado? Claro que não. O senador tem agora sua biografia manchada de
forma indelével, em que pese a memória curta do povo. O Senado sai do
episódio sórdido ainda mais desmoralizado, o que atinge o Congresso
Nacional como um todo. O grande ganhador de fato foi o PT e sua figura
símbolo, Lula da Silva, chave para a permanência no poder dos
companheiros e agregados.

Afinal, no recente congresso petista, entre as decisões tomadas estava a
de extinguir o Senado. Daí é só um passo para acabar com o Congresso e
seus "picaretas" (antiga expressão de Lula da Silva) e partir para a
"democracia de massas", quer dizer, de massas de manobra do PT.

Renan é bom companheiro, ninguém (pelo menos do PT) pode negar. Ele teve
apoio explícito do presidente da República, foi defendido ardorosamente
pela tropa de choque petista do Senado. Contudo, o senador devia
conhecer as leis do PT, ou seja: esmagar quem apóia; triturar que não
reza pela cartilha, jogar fora o que não tem mais serventia,
desmoralizar, intimidar, perseguir, castigar, manter o poder a qualquer
custo.

Eliminado o Senado restaria a Câmara já domesticada, mantendo-se, assim,
a fachada de democracia à lá Chávez. Ficaria, então, muito fácil, a
aprovação do terceiro mandado presidencial.

Resta perguntar, como fez um dos meus correspondentes: "que legado essa
geração de políticos vai deixar para a história?". Ele mesmo responde:
"Como a história é escrita por intelectuais cooptados pelo poder, nossos
netos ficarão sabendo que houve no Brasil um Lincoln tropical, um pobre
operário retirante que salvou os pobres e foi o maior estadista do
século XXI".

Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

mlucia@sercomtel.com.br

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