Na próxima semana, tucanos e 'demos' vão pressionar Leomar Quintanilha
(PMDB-TO) para que convoque uma reunião do Conselho de Ética. Desejam
retomar os processos contra Renan Calheiros (PMDB-AL) ainda pendentes de
julgamento. Uma das primeiras providências será o pedido de acareação do
presidente do Senado com o usineiro alagoano João Lyra.
Renan é acusado de ter firmado como Lyra, em 2005, uma sociedade
secreta. Os dois compraram duas emissoras de rádio e um jornal em
Alagoas. Renan fez-se representar no negócio com testas-de-ferro. E
pagou sua parte na transação –R$ 1,3 milhão— com dinheiro vivo (parte em
dólares), não-declaradas à Receita Federal.
Há no Senado um lote de documentos por analisar. Foram recolhidos em
Alagoas pelo corregedor-geral Romeu Tuma (DEM-SP). No contato que
manteve com Tuma, no mês passado, João Lyra disse estar disposto a
participar de um tête-à-tête com Renan, que nega ter celebrado com ele a
sociedade clandestina.
Ouvido em 21 de agosto passado, bem antes do julgamento em que foi
absolvido da acusação de ter usado dinheiro alheio para pagar as pensões
de sua filha, Renan quis saber como Lyra chegaria ao prédio do Senado:
"Com algema ou sem algema?", indagou, irônico.
Para reforçar a tese de que não teria intimidade com Lyra a ponto de
tornar-se sócio dele, o senador atacou o usineiro. Acusou-o de
patrocinar uma série de delitos –de crimes de mando a fraudes fiscais.
Em resposta, Lyra divulgou, por meio de prepostos, um par de vídeos
(assista lá no alto). Contêm cenas que não deixam dúvidas: até bem
pouco, o usineiro desfrutava, sim, da amizade de Renan.
Renan dissera que a última vez que fizera campanha junto com João Lyra,
que é ex-deputado federal, foi em 1986. Num dos vídeos que saltaram do
baú de Lyra, Renan e o atual o governador de Alagoas, Teotônio Vilela
Filho (PSDB), aparecem, em 2002, num comício patrocinado por João Lyra.
Dividem com ele o palanque. Lyra pede votos para os "amigos".
Noutro vídeo, Lyra aparece, aos abraços, do lado de Renan e de sua
mulher, Verônica. A cena foi gravada em 2004, num desfile do bloco
carnavalesco alagoano. Chama-se Pinto da Madrugada.
Para tucanos e 'demos', o caso das empresas de comunicação alagoanas é
mais simples de comprovar do que a acusação que envolveu Renan, a
ex-amante Mônica Veloso e a construtora Mendes Júnior. Pretendem
transformar essa investigação num novo pedido de cassação contra o
presidente do Senado.
A representação que pede a apuração da sociedade secreta de Renan com
Lyra é assinada por PSDB e DEM. Por ora, Leomar Quintanilha, presidente
do Conselho de Ética e miliciano da tropa de Renan, vem se esquivando de
nomear um relator para o processo. A oposição acha que não há mais
espaço para delongas.
por Josias de Souza
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