>> vergonha nacional >> Impunidade >> impunidadE I >> impunidadE II >> VOTO CONSCIENTE >>> lEIA, PARTICIPE E DIVULGUE

Agradeço as oportunas e coerentes intervenções dos comentaristas criticando o proselitismo irresponsável do globoritarismo apoiado pela mídia amestrada banalizando as Instituições e o Poder do Estado para a pratica sistemática de crimes. Os brasileiros de bem que pensam com suas próprias cabeças ja constataram que vivemos uma crise moral sem paralelo na historia que esgarça as Instituições pois os governantes não se posicionam na defesa da Lei e das Instituições gerando uma temerária INSEGURANÇA JURÍDICA. É DEVER de todo brasileiro de bem não se calar e bradar Levanta Brasil! Cidadania-Soberania-Moralidade

9.10.2007

Socialistas, no mundo do capital

>> Clique nos links  O bom combate    Falta o chefe -   Impunidade   Serviço ao eleitor    Voto consciente   - La,  participe e divulgue.

O Estado de S. Paulo
Socialistas, no mundo do capital
Carlos Alberto Sardenberg

Domingo à noite, numa reunião de famílias amigas, vejo uma menina de 16 anos, aluna de um dos melhores colégios de São Paulo, queimando os miolos com o livro História da Riqueza do Homem, de Leo Huberman. Mais exatamente com o capítulo 18, tema da prova do dia seguinte, que destacava dois itens: Marx e Engels anteciparam o colapso do capitalismo; e o socialismo é inevitável.

O livro é antigo, de 1937, e fez muito sucesso entre universitários brasileiros nos anos 60 por dois motivos. Primeiro, trata-se de uma aula de marxismo, na visão mais clássica da doutrina. Sustenta, sem abrir nenhum espaço para dúvidas, que todas as idéias econômicas anteriores a Marx e Engels não passam de pura ideologia de classe, construídas para justificar sistemas econômicos e políticos que, ao longo da história, foram sempre uma forma de escravizar o trabalhador. Ao revelar isso, o marxismo não é ideologia, mas pura ciência. Vai daí o socialismo, sendo o regime do proletariado o fim da história, o momento em que o trabalhador finalmente controla os meios de produção e o sistema político.

O segundo motivo pelo qual o livro atraía tanta admiração estava na posição do autor. Huberman era não apenas um cidadão dos EUA, a pátria maior do capitalismo, como lecionava numa das melhores universidades americanas. Olha aí, se dizia, até a academia americana se curvava à ciência do marxismo.

Tudo isso nos anos 60, quando boa parte do mundo vivia sob regimes socialistas. Na Europa e na América Latina em particular, a universidade era amplamente dominada pelo pensamento de esquerda.

Já se conheciam as atrocidades do regime soviético e chinês (sobre o que Huberman não traz uma palavra sequer), mas elas eram tomadas como desvios políticos do sistema a serem corrigidos. Não se duvidava, porém, naqueles meios intelectuais, da eficiência do regime socialista de planejamento central. A União Soviética não se tornara uma potência?

Já era um equívoco. Muita gente percebia e dizia isso - para ser desclassificada e jogada no bando dos liberais defensores da burguesia. Mas a existência dos regimes socialistas era um ponto importante, sobretudo porque, protegidos por ditaduras e censura, não se sabia o que realmente se passava naqueles países. Já as mazelas do capitalismo, diariamente reveladas pela imprensa burguesa, eram bem conhecidas.

Hoje, nem seria preciso dizer, a história está clara para quem quiser ver. Na prova sobre capítulo 18 de a História da Riqueza do Homem deveria tirar nota dez o aluno que escrevesse: a história, tão cara para Huberman, o traiu completamente; o colapso foi do socialismo e o inevitável é o capitalismo.

O socialismo real, hoje, se resume a duas ditaduras à beira do colapso, Cuba e Coréia do Norte. A esperança do socialismo do século 21 está com Hugo Chávez. E o maior partido comunista do mundo, o da China, mede seu sucesso pela introdução da economia capitalista e por sua infindável capacidade de gerar riqueza e tirar da pobreza milhares de pessoas todos os anos.

Convenhamos, os dias de hoje não oferecem base razoável para um pensamento de esquerda.

E, entretanto, o Congresso do PT, partido que está no governo, aprovou documento que "reafirma o caráter socialista, democrático e popular do partido". Qual socialismo, não se sabe.


Mas a retórica do PT e de boa parte das elites brasileiras (políticas, intelectuais e civis) continua antiliberal e anticapitalista. Nos colégios, nas universidades, nos vestibulares, por exemplo, nas provas de atualidades, o neoliberalismo normalmente aparece como o regime que gera miséria e desigualdades para muitos e riquezas para poucos. Todo dia, tem um juiz, inclusive dos tribunais superiores, escrevendo na sua sentença que sua função é proteger os pobres das forças malignas do capital.

Como pode ocorrer essa contradição tão flagrante entre o mundo real - que exibe um capitalismo globalizado e pujante, levando quase todos os países a uma fase de prosperidade sem precedentes - e o domínio de um pensamento de esquerda anticapitalista?

Uma explicação está na formação de boa parte das elites brasileiras. Elas leram e estudaram Huberman. Não leram nem estudaram Adam Smith. E parece que estão transmitindo o mesmo viés às novas gerações. Os colégios que fazem provas com a História da Riqueza do Homem não mandam os alunos ler A Riqueza das Nações. O equívoco escolar leva a uma dificuldade na vida prática, pois, formado, o aluno cai no mundo de Adam Smith, não no de Huberman, que jaz na lata de lixo da história.

A história do PT é o exemplo prático dessa contradição. Passou a vida toda defendendo o socialismo, condenando o neoliberalismo, para chegar ao poder e verificar que não há outro caminho senão o capitalismo globalizado. Como já disse Lula, muitas idéias da época da oposição não serviam "para pegar no concreto".

Mas o próprio Lula se mantém confuso. Outro dia, para mostrar que sua política econômica é diferente da de FHC, alardeou que acabou com a inflação, mandou o FMI embora e criou um mercado de massas com as Bolsas e a ampliação do crédito.

Mas como foi mesmo isso tudo? O FMI não foi propriamente embora. As missões ainda aparecem por aqui, mas apenas para elogiar a política econômica de Lula. O FMI não vem cobrar pela simples razão de que o governo pagou antecipadamente sua dívida.

E pagou com os dólares obtidos com o crescimento das exportações, resultado direto da onda de prosperidade mundial. A inflação foi liquidada pelo regime de metas, com o Banco Central autônomo, política monetária que é o estado da arte da doutrina capitalista contemporânea. E foi o fim da inflação que permitiu a ampliação do crédito, nas modalidades mais modernas, outra criação capitalista moderna.

Tudo para reafirmar o socialismo...

*Carlos Alberto Sardenberg é jornalista. Site: www.sardenberg.com.br

Nenhum comentário: