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Agradeço as oportunas e coerentes intervenções dos comentaristas criticando o proselitismo irresponsável do globoritarismo apoiado pela mídia amestrada banalizando as Instituições e o Poder do Estado para a pratica sistemática de crimes. Os brasileiros de bem que pensam com suas próprias cabeças ja constataram que vivemos uma crise moral sem paralelo na historia que esgarça as Instituições pois os governantes não se posicionam na defesa da Lei e das Instituições gerando uma temerária INSEGURANÇA JURÍDICA. É DEVER de todo brasileiro de bem não se calar e bradar Levanta Brasil! Cidadania-Soberania-Moralidade

9.30.2007

Com Chávez, MST mantém escola 'bolivariana'

Parceira do governo venezuelano, entidade em assentamento é viveiro de idéias sobre lutas na América Latina

LAPA (PR). Nas antigas florestas de araucária, hoje transformadas em áreas de cultivo, germina a semente do movimento bolivariano. Até 2010, a Via Campesina espera diplomar os 108 alunos da Escola LatinoAmericana de Agroecologia. A experiência, que acontece no Contestado, um assentamento do MST na zona rural da Lapa, município a 70 quilômetros de Curitiba, é fruto da parceria entre a organização brasileira e o governo venezuelano do presidente Hugo Chávez. Muito mais do que uma escola técnica, o projeto é uma sementeira de idéias sobre as lutas sociais na América Latina.

Na quinta-feira passada, o casarão colonial do assentamento, ex-sede da Fazenda Santa Amália, abrigava uma das maiores apostas do MST para o futuro.
Em torno do historiador Marcelo Andreatta, que falaria sobre a República Velha, reuniam-se os 108 selecionados pela organização e outros movimentos rurais (pequenos agricultores, atingidos por barragens, mulheres camponesas e de pastorais de 18 estados) para participar da escola, fundada há dois anos.
Entre eles, havia sete representantes de movimentos rurais do Paraguai e um da Colômbia.

Dirigismo sobre História do Brasil

A rotina é rigorosa. Os alunos dormem em alojamentos toscos, na companhia de outros seis ou sete colegas, e têm dieta modesta. São submetidos a quatro tipos de avaliação, inclusive pelos líderes de suas comunidades de origem. Naquele dia, depois de almoçar e lavar os pratos, eles cantavam e batiam palmas — um deles puxa no violão a “La belle du jour”, de Alceu Valença — para espantar o sono.
Em seguida, a aula começava. Na escola de agroecologia, a História do Brasil é abordada de modo singular. Na exposição, não há lugar para a biografia de Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, os primeiros presidentes do período republicano. O personagem central da aula de Marcelo Andreatta, voluntário de ensino do MST formado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é Antônio Conselheiro. Ele provoca a turma a discutir a Revolta de Canudos (1896-97), vista como marco social do movimento no campo. A aula começa com um perfil de Conselheiro. Depois de abandonado pela mulher, conta o professor, o personagem faz uma peregrinação pela caatinga “em busca do sentido das relações interpessoais”. Em vez de pregador messiânico, Marcelo chama Conselheiro de líder cujos horizontes eram “inspirados num catolicismo primitivo, baseado na igualdade”. Os educandos fazem alguns apartes: — Foi em Canudos que as tropas brasileiras bombardearam, pela primeira vez com a aviação, a população civil — diz um deles.

A mística do Contestado

O professor corrige o equívoco de forma sutil. Explica que as tropas, na verdade, usaram pela primeira vez canhões contra civis. E emenda dizendo que Canudos foi atacada porque “se confrontava com o poder dos latifúndios nordestinos, baseados no coronelismo, com a Igreja Católica instituída e com o Estado Republicano”. Arremata com referências à outra revolta popular do período, a Guerra do Contestado (1914-16), “esta sim, bombardeada pela aviação”, para valorizar também a figura do seu líder, o Monge José Maria. A Lapa, onde está a escola de agroecologia, é um dos sítios históricos do Contestado, luta entre caboclos do Paraná e Santa Catarina contra donos de terras e o governo republicano.
Seu líder, assim como Conselheiro, era visto como um pregador messiânico disposto a restabelecer a monarquia no Brasil. Passados quase cem anos, os militantes do MST da região alimentam a mística em torno de José Maria e seus seguidores. Enquanto as cidades da região levam os nomes dos comandantes militares que venceram o conflito, como General Mallet e General Carneiro, ou União da Vitória, o movimento chama seus assentamentos e brigadas (formadas por 500 famílias de assentados) de Contestado, José Maria e Maria Rosa (mulher que assumiu a liderança do conflito após a morte do monge). O Assentamento Contestado, onde vivem 108 famílias, ocupa uma fazenda desapropriada pelo Incra em 1999. A escola fica num conjunto de prédios na sede. Além dos alojamentos, sala de aula e refeitório, o assentamento é formado ainda por um escritório da administração, biblioteca e sala de computadores. Antigo sonho do MST e da Via Campesina, o projeto ganhou vida em 2005, quando Chávez assinou convênio com a Via durante o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre. Além do apoio à escola, Chávez assumia ainda o compromisso de fundar uma escola nos mesmos moldes em seu país. Passados dois anos, o projeto vingou praticamente como foi idealizado. O compromisso da escola brasileira é formar técnicos no Cone Sul, enquanto a venezuelana cuida da formação dos militantes dos países latinos mais ao norte. A escola do país de Chávez, criada em novembro do ano passado, fica na província de Barinas.

Chamada Instituto de Agroecologia Paulo Freire, tem entre os alunos 48 brasileiros indicados pelos movimentos sociais. A estada deles é totalmente custeada pelo governo venezuelano.
Nas duas escolas, o objetivo do curso é propor modelos de produção rural que contestem o agronegócio. O coordenador no Brasil, José Maria Tardin, explicou que agroecologia é um sistema de produção sustentável que dispensa o uso de insumos que “agridem a natureza”, como agrotóxicos, fertilizantes, medicamentos veterinários e transgênicos. Nos quatro anos previstos para o curso no Brasil, os estudantes se alternam entre 65 dias de aprendizado na escola e 90 em suas comunidades. Na escola, os educandos têm aulas de filosofia, sociologia, economia política, matemática, física, química e biologia, além das disciplinas técnicas (agroecologia, biologia e ecologia).
Quando voltam para as suas comunidades, levam um plano de metas a cumprir que inclui o trabalho com cinco famílias de pequenos agricultores, para aplicar na prática os conhecimentos adquiridos.

Ministério ajuda a financiar

O projeto, até agora, é financiado por dinheiro de organizações não-governamentais italianas, acrescidas de recursos do governo paranaense e do Ministério do Desenvolvimento Agrário. José Maria Tardin disse que, embora previsto no convênio, o dinheiro de Chávez ainda não chegou. Mas a Venezuela financia a estada dos 48 brasileiros em seu país.
O presidente venezuelano é tratado como herói na comunidade da escola. — O que se pode falar dele? É uma pessoa extraordinária neste momento histórico. Rompe a tradição de um capitalismo extremamente concentrado na elite e inaugura um ciclo político de distribuição de renda — afirma o coordenador da escola. Tardin sonha que Chávez faça brevemente, na escola, o mesmo que aconteceu ano passado na Cipla, indústria de materiais plásticos de construção de Joinville (SC), que foi à falência e acabou ocupada pelos funcionários. Para permitir a recuperação da empresa, Chávez enviou US$ 1,6 milhão em matérias-primas derivadas do petróleo e contratou a empresa para montar três fábricas em seu país, destinadas a produzir material para casas populares.O que Tardin não sabe é que, assim que a Justiça catarinense determinou a desocupação da Cipla e nomeou um interventor para a fábrica, em maio deste ano, o presidente da Venezuela, cessado o interesse político, suspendeu imediatamente o suprimento, rompendo o convênio de forma unilateral.

Por Chico Otavio
 Enviado especial
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