03/02/2008
Divulgação de gastos do Planalto na rede gera crise
CGU pôs na internet despesas da despensa do presidente
Valendo-se de cartões, 3 funcionários torraram R$ 205 mil
Assessoria militar do presidente quer punir quem divulgou
Alan Marques/Folha
Os cartões de crédito continuam infernizando o governo. O problema migrou da Esplanada dos Ministérios para o Palácio do Planalto. Identificaram-
Deve-se a revelação aos repórteres Fábio Portela e Naiara Magalhães. Levaram às páginas de Veja (só para assinantes da revista) detalhes antes restritos ao ambiente da despensa presidencial. As revelações irritaram o general Jorge Félix (Gabinete de Segurança Institucional)
Para Félix, a divulgação dos dados relativos à compra de mantimentos da família presidencial, com valores e, sobretudo, com os nomes dos fornecedores, põe em risco a integridade do presidente, sujeitando-o a atentados. Segundo a visão do general, os dados, por sigilosos, jamais deveriam ter sido divulgados no Portal da Transparência, um sítio gerido pela CGU (Controladoria-
O Planalto tomou duas providências: 1) mandou retirar da rede as informações que dizem respeito a Lula. 2) determinou a abertura de um processo administrativo, para identificar os responsáveis pela divulgação dos dados que supunha sigilosos.
O que chama a atenção em mais este capítulo da crise dos cartões é a desenvoltura com que funcionários do Planalto sacam do bolso o retângulo de plástico financiado com dinheiro do contribuinte. O governo realiza regularmente licitações públicas para comprar, pelo menor preço, os mantimentos e as bebidas que recheiam as despesas e as adegas das duas instalações que servem de residência para Lula em Brasília.
O que espanta é que os cartões, que, em tese, serviriam apenas para os gastos “emergenciais”
R$ 55.400 foram gastos nos supermercados Pão de Açúcar;
R$ 23.800 foram deixados numa casa de carnes chique de Brasília: Reisman. O estabelecimento é conhecido na Capital por levar às suas vitrines refrigeradas os melhores cortes para churrascos. A picanha argentina sai a R$ 48 o quilo. A carne de coelho, muito apreciada por Lula, custa R$ 26;
R$ 14.800 forraram a caixa registradora do Mercadinho La Palma. Situado na Asa Norte de Brasília, vende vegetais frescos, iguarias e temperos.
R$ 1.200 foram despendidos pelo funcionário da presidência em padarias;
R$ 2 400 pagaram vinhos adquiridos na casa Wine Company.
Escrito por Josias de Souza
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