Por Sônia van Dijck
E não quero ser exaustiva, pois a enumeração dos que mamam nas tetas do estado brasileiro é muito mais ampla. Se eu enumerar todos os afilhados da rapariga do sobrinho do delegado que encontraram uma boca livre no cartão corporativo do governo Lula, vou tomar o tempo de vocês - são cerca de 11.000 que comem, bebem, fazem sexo, compram brinquedos e artigos esportivos e chocolates finos, curtem a vida numa boa, graças ao dinheiro do contribuinte - o fenômeno, que pode ser chamado de tornado que atinge diretamente o cidadão, atravessa o Executivo, passa pelo Legislativo e aporta no Judiciário. O Brasil é um estado no qual a corrupção se tornou sistema de governo - é caráter do estado brasileiro: ser corrupto é participar do poder, é ser governo - o cidadão paga a conta da farra dos poderosos e de seus peões, aproveitadores da criminalidade.
E tem até peão com diploma de doutorado, que faz questão de ter em casa algumas lixeiras de muitas centenas de Reais - resistir, quem há-de? - afinal, se não podemos impressionar os cientistas estrangeiros pela nossa competência acadêmica, podemos impressionar pelo fausto do apartamento decorado com a verba destinada à pesquisa científica. Quem não dá valor ao saber científico, pelo menos pode mostrar competência em ser corrupto e dar lição de criminalidade aos representantes das universidades mais respeitadas academicamente no mundo, exibindo um apartamento tipo petrodólares...
E peão do PT tem que mostrar serviço, seja reitor de universidade ou terrorista do MST - peão do PT, se goza do bem bom, tem que fazer a tarefa destruidora das instituições, para que o PT possa vencer, quando se apresentar como partido salvador da pátria - essa foi a missão do reitor da UnB - e ele teve nota 10 ao desmoralizar a universidade e mais uma instituição que era vista como de pesquisa científica.
Deve ser por causa do luxo e da ostentação do Reitor da UnB que Lula nunca concedeu reajuste aos professores das IFES - Lula deve pensar que professor-pesquisador de universidade federal mora em palácio semelhante ao do reitor da UnB, com luxos pagos por fundações de pesquisa, e que os professores-pesquisadores aposentados se alimentam de manjar caído dos céus e que, por isso, devem morrer esperando a nova temporada de chuva de manjar - até para pagar com o manjar dos céus os altos impostos cobrados pelo governo Lula.
Se há lances de corrupção, cinismo e covardia, nos fatos relembrados acima, devemos nos preparar para a reprise, em grande estilo, da consagração da corrupção, da vitória do cinismo e da institucionalização da covardia.
O ex-ministro Palocci, já no Jornal Nacional (Rede Globo), tinha sua declaração de angelicalidade para ser noticiada.
Ou Palocci é um notório imbecil ou se julga o maior dos espertos. Imbecil: no caso de acreditar que alguém de bom senso e com um mínimo de ética vai acreditar em sua proclamada inocência oportuna. Esperto: porque vai usar a fragilidade da legislação brasileira para escapar impune de um crime contra a Constituição.
Na verdade, Paloccci não passa de mais um corrupto que será beneficiado pela brandura recente dos magistrados brasileiros, que fazem a leitura da Lei conforme a jogada da vez - afinal, como Deputado, ele tem forum privilegiado, pois no Brasil é assim: canalha importante é menos canalha e nem é canalha, depois de os magistrados se pronunciarem, e ficar declarado inocente. Temos o melhor sistema jurídico e o mais completo repertório de leis para prejudicar a VÍTIMA: o cidadão. E a farra com os cartões corporativos tem nossos impostos como garantia.
O caseiro Francenildo que se lasque: não passa de um honesto trabalhador sem futuro de luxo. E nós, os contribuintes, continuaremos a pagar a grande farra dos poderosos petistas, seus aliados, amiguinhos, churrasqueiros, afilhados do sobrinho da rapariga do prefeito do "cu do Judas" et caterva.
Sônia van Dijck é Professora Universitária Aposentada.
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