Folha de São Paulo
ELIANE CANTANHÊDE
BRASÍLIA - Alguém perguntou ao site "SexoCristão" se freqüentar motéis seria pecado. Resposta: "Não há pecado em ir a motel com o seu marido. O problema está no fato de um conhecido (ou outra pessoa) vê-los entrando no motel. Isso, sim, pode prejudicar a imagem do casal cristão". Traduzindo: pode fazer qualquer coisa, mas faça escondido. O pecado não é fazer, é ser pego com a boca na botija.
Essa moral tem uma versão política -"o que é bom a gente mostra, o que é ruim a gente esconde"- e está neste momento em discussão no governo. O pecado não é a ministra Matilde gastar R$ 171 mil dos cofres públicos em férias, aluguel de carros, almoços e comprinhas em free shop. O problemaço é que descobriram e foi parar na imprensa.
A culpa não é dela e dos outros ministros que caem na folia por aí usando o cartão corporativo do governo para tudo e qualquer coisa, nem dos seguranças da filha do presidente que o sacam até para material de construção. A culpa é de quem mostrou e de quem divulgou.
A solução, portanto, é simples: tire-se do ar o "Portal da Transparência" da Controladoria Geral da União. Cada ministro, segurança e assessor que gaste quanto, onde, com quem e como bem entender.
Ninguém precisa ficar sabendo.
Corte-se o mal pela raiz!
Benedita da Silva caiu depois de viajar a Buenos Aires, já no primeiro ano de governo, com passagem (executiva) e hotel (um dos três melhores da cidade) pagos pelo contribuinte, mas para participar do 12º Café da Manhã com Evangélicos; Matilde, depois que descobriram que era a campeã dos cartões corporativos, na proporção inversa à relevância do cargo.
Duas mulheres, duas negras, duas ministras, uma da Promoção Social, outra da Igualdade Racial.
Duas vitórias do movimento feminino. Duas vitórias do movimento negro. Duas apostas para revigorar a "área social". Para dar nisso?
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