Ministro dos Esportes diz ter restituído R$ 30,8 mil
Leandro Moraes/Folha
Menos de 24 horas depois de Matilde ‘Erro Administrativo’ Ribeiro ter virado ex-ministra, o titular da pasta dos Esportes, Orlando Silva convocou os repórteres, em pleno sábado (2) de Carnaval, para fazer um anúncio solene: mandou devolver à Viúva tudo o que torrara com o cartão de crédito corporativo desde o dia em que pisou no ministério. O ministro disse que deu ordem ao seu gerente no Banco do Brasil para transferir de uma aplicação pessoal para as arcas do Tesouro a importância de R$ 30.870,38.
No ranking da card-mania, Orlando Silva ocupa a terceira colocação. Considerando-se só o ano de 2007, pagou com o cartão do governo R$ 20,1 mil. Menos que os dispêndios do colega Altemir Gregolin (Pesca): R$ 22,6 mil. Muito abaixo das despesas anotadas nos extratos da ex-ministra Matilde: R$ 171,5 mil.
Ninguém supera Orlando Silva, porém, em exotismo. No mês de maio do ano passado, o titular dos Esportes, guindado à Esplanada por indicação do PC do B, sacou o cartão custeado pelo contribuinte brasileiro para pagar uma conta de R$ 8,30 numa tapiocaria de Brasília. Um acinte.
O ministro martelou neste sábado -leia aqui e aqui- o mesmo bumbo que fizera soar ao longo da semana pré-carnavalesca: a tapioca foi um erro. Mostrou aos repórteres um cartão pessoal, parecido com o governamental. Alegou que foi a semelhança entre os dois retângulos de plástico que o teria conduzido ao “erro.”
De resto, Orlando Silva disse que continuará usando o cartão de crédito corporativo. Disse também que levou a mão ao bolso não por considerar que tenha exorbitado no uso dos cartões, mas porque decidiu exibir toda a sua indignação. Abespinhou-se, segundo disse, com o fato de a imprensa ter questionado sua “vida política.”
Bobagem do ministro. O que se questiona não é a sua carreira política. Discute-se coisa bem diferente: a facilidade com que o dinheiro que o contribuinte ganha suando sai assobiando dos cofres de Brasília.
Deve-se à imprensa, aliás, a abertura de auditoria da CGU, do TCU e do Ministério Público, para esquadrinhar os gastos com cartão. Inclusive os de Orlando Silva. Que terá de informar, por exemplo, porque sacou o cartão governamental do bolso para pagar refeições em restaurantes chiques de São Paulo em dias em que sua agenda não registrava nenhum compromisso oficial.
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