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Agradeço as oportunas e coerentes intervenções dos comentaristas criticando o proselitismo irresponsável do globoritarismo apoiado pela mídia amestrada banalizando as Instituições e o Poder do Estado para a pratica sistemática de crimes. Os brasileiros de bem que pensam com suas próprias cabeças ja constataram que vivemos uma crise moral sem paralelo na historia que esgarça as Instituições pois os governantes não se posicionam na defesa da Lei e das Instituições gerando uma temerária INSEGURANÇA JURÍDICA. É DEVER de todo brasileiro de bem não se calar e bradar Levanta Brasil! Cidadania-Soberania-Moralidade

2.13.2008

Do ontem e do hoje

Jarbas Passarinho

Foi governador, ministro de Estado e senador

 

Uma das frases mais surradas é “no meu tempo”. E haja comparações saudosistas do passado. Vou incorrer no hábito, ainda que um pouco constrangido, ao comentar estilos de governo nos idos dos anos 1960 e os atuais. Ministro de Costa e Silva, em 1967, o exercício do governo ocorria no Rio de Janeiro, exceto para o presidente. Éramos 16 ministros, eu na pasta do Trabalho e Previdência Social. Os ministros ganhavam tão pouco que, sendo parlamentares, optavam pelos vencimentos de senadores ou deputados.

Só o presidente ficava em Brasília, onde ficava minha residência. O Rio ainda era o pólo administrativo e nele não tinha residência. Perguntei ao presidente se era cabível receber diária de fora de sede, como no Exército, do que presta contas imediatamente. “Impossível”, me disse o presidente. Meu secretário me instalou no Hotel Serrador. Ao fim da primeira semana, perguntei-lhe qual a fonte orçamentária que pagava a hospedagem. Disse-me que provinha da contribuição sindical, parte devida ao ministério e às delegacias do trabalho. Eu estava sendo pago pelos trabalhadores! Ressarci imediatamente a despesa e o assessor transferiu-me para um quarto de fundos do hotel Olinda, compatível com meus vencimentos.

Meses depois, um amigo de infância que eu convidara para chefe de meu gabinete chegou ao Rio e me hospedou em seu apartamento pequeno em Copacabana, onde partilhei o quarto com seu filho, estudante de odontologia, até o fim do governo Médici, a quem servi no MEC e regressei a Brasília para cumprir o resto de meu mandato e tentar a reeleição em 1974. Reelegi-me, mas a Arena fez seis senadores nos 22 estados; o MDB, 16, firmando-se na oposição. Quando cumpria os requisitos constitucionais (1/3 das assinaturas da Casa, fato concreto e prazo previsto), requeria CPIs, prontamente instaladas. Entre elas, a do Acordo Nuclear Brasil/Alemanha, menina dos olhos do presidente Geisel, que nada fez para impedi-la ou torná-la inócua, maioria ampla que ainda tinha, pois só se renovara um terço do Senado. Isso era o ontem em 74.

Hoje, em vez de 16, são 37 ministros, com os quais o presidente só despacha eventualmente. Descentraliza a administração e fica liberado para as proveitosas viagens ao exterior. É um aperfeiçoamento louvável por um lado e imprevisível por outro, já que pode o presidente não saber o que se passa no governo, como, aliás, lhe tem sido habitual dizer. Há CPIs, normalmente requeridas, uma vez cumprida a norma constitucional, que nem são instaladas, até hoje pelo Senado, a de Waldomiro Diniz, filmado pedindo propina, mostrado nas televisões. Outras, mistas, terminam sem votar o relatório, sempre de um governista. Assim se deu com a do Banestado, envolvendo dezenas de milhões de dólares desviados irregularmente para o exterior. A dos sanguessugas absolveu peculatários que o povo não reelegeu. A do mensalão produziu deprimente relatório, negando a existência do mensalão. Tal a hipocrisia que a oposição impediu fosse votado. Um comportamento execrável que merece esta pergunta da conceituada revista inglesa The Economist: “Parlamento ou chiqueiro?”

Cada dia, novo escândalo. O mais recente, inexplicável à luz da decência, o dos cartões corporativos, somou R$ 75 milhões em 2007, usados por mais de 11 mil privilegiados. As páginas de cartas aos leitores dos jornais mais lidos ocupam toda a seção com palavras que traduzem a “sagrada indignação” de que falava Bobbio. A reação do governo enrubesce o telespectador, ou o espanta diante da ira jupteriana da ministra da Casa Civil, tentando justificar o injustificável, sob o pálio da segurança nacional. Cabível seria, em se tratando da Abin e da Polícia Federal, mas são despesas previstas na lei que abriga os gastos secretos que só em 2007 chegaram a R$ 35,7 milhões.

Nunca, se respeitassem o menor pudor, ministros mais próximos do presidente tentariam justificar, como resguardo da segurança nacional, o consumo de bebidas finas dos free shops, a hospedagem com a família em hotéis de luxo, gastos nos restaurantes caríssimos, nos bares e choperias, no aluguel de dezenas de automóveis, no dispêndio com carnes exóticas nas cozinhas presidenciais e mais de R$ 200 mil com a segurança dos filhos do presidente, certamente para que não sofram seqüestros relâmpagos que têm apavorado pais comuns. O ridículo fica por conta de um simplório deputado petista: “Está certo sim porque os ministros ganham muito pouco”. Ao que leio, a ministra, aos esgares, diz que “dados de lavanderia” podem revelar esquemas de segurança e por isso não devem ser divulgados. Teria aprendido isso na clandestinidade ou na leitura de Mata Hari? São tempos de hoje, de gente ética e altruísta, de um parlamento que disse o presidente do Senado ser vítima de um “matiz autoritário”, depósito das medidas provisórias e sujeito à intromissão do Judiciário nas suas atribuições.

Correio  Braziliense - 12 Fev 08
Postado por MiguelGCF
Editor do  Impunidade  Vergonha     Nacional

 

             

 




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