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Agradeço as oportunas e coerentes intervenções dos comentaristas criticando o proselitismo irresponsável do globoritarismo apoiado pela mídia amestrada banalizando as Instituições e o Poder do Estado para a pratica sistemática de crimes. Os brasileiros de bem que pensam com suas próprias cabeças ja constataram que vivemos uma crise moral sem paralelo na historia que esgarça as Instituições pois os governantes não se posicionam na defesa da Lei e das Instituições gerando uma temerária INSEGURANÇA JURÍDICA. É DEVER de todo brasileiro de bem não se calar e bradar Levanta Brasil! Cidadania-Soberania-Moralidade

2.05.2008

Meu virtual bloco de carnaval

EDIÇÃO DE HOJE DO CORREIO BRAZILIENSE                  Meu virtual bloco de carnaval                        Jarbas Passarinho  
Um dos meus defeitos é não ser carnavalesco. Nada tenho, porém, contra o carnaval, uma das justas paixões dos brasileiros. Já fui até arrebatado por ele. Vi os primeiros desfiles, muito simples, do povo mais simples ainda, na Rua da Carioca, no Rio. Estava num bonde e vinha da casa de um amigo onde estudávamos para prestar concurso à Escola Militar. Quando dei conta de mim, sobraçando livros e trajando terno e gravata, estava atrás da bateria que puxava o desfile de gente pobre e sem fantasias, que só terminou quando chegou, ao pôr-do-sol, ao obelisco, na Avenida Central de outrora, hoje Getúlio Vargas.
Nele os gaúchos, vitoriosos em 1930, ataram as rédeas dos cavalos.

Havia um corso, de burgueses bem situados na vida, desfilando com os carros abertos, na terça-feira gorda, rodando a 20km por hora na mesma avenida, a jogar serpentina uns nos outros. Dois clubes famosos (não de futebol, mas de carnaval) promoviam, disputando o aplauso dos carnavalescos, o grande desfile noturno. Mais tarde fui a uma ou duas festas freqüentadas pela classe média. As baterias ainda mexem comigo. Muito mais tarde passei a ver pela televisão os desfiles caríssimos no Sambódromo do Rio de Janeiro.

Tomavam-me boa parte da noite até o início das madrugadas. Intérpretes especializados
discorriam sobre o espetáculo, explicando a temática das escolas. As beldades, ainda apenas contidas pelo pudor, entremostravam apenas ? parodiando o inesquecível Roberto Campos ? ?tudo, menos o essencial?. As ?vergonhas?, como indelicada e pudicamente Pero Vaz de Caminha descreveu a nudez das índias na carta ao rei D.Manuel I, escriba que foi da esquadra de Pedro Álvares Cabral, eram disfarçadas. No carnaval as moças foram, pouco a pouco, se desnudando a partir da exibição de seios rígidos, que agora já não se sabe se fruto do silicone ou não.

As alas das baianas, de sempre, exibiam atraentes formas físicas de afro-brasileiras.
A modernização foi transmudando o caráter antigo dos desfiles. Surgiram as belas madrinhas de setores da escola de samba, corpos lindos de causar arrepios nos que têm menos que a metade da minha valetudinária idade. As mais belas vêm alçadas ao topo dos carros alegóricos. Com a modernidade, veio a necessidade dos financiamentos, cada vez mais altos: dos bicheiros generosos, dos governadores de estados da Federação, de firmas comerciais e até de país vizinho.

Reconheço que muitas vezes a escola de samba nos oferece excelentes lições de história antiga e moderna entre os volteios perfeitos das porta-bandeiras com seus escudeiros, as curvas lindas das mulheres generosamente beneficiadas pela arte dos discípulos do mestre Ivo Pitanguy. Nem ele mesmo, anos atrás, foi capaz de empolgar a visão dos seios de uma consagrada atriz, nonagenária, que os mostrou para as arquibancadas protegidas pela distância e os camarotes agredidos pela proximidade de um breviário contra a luxúria.

Atualmente me divirto com os pequenos blocos que me lembram minha experiência carioca dos idos de 1940. São simples, com canções aprendidas ?a recém? (como preferem os gaúchos) e cartazes mordazes de que não se podem livrar os governantes em geral. Tenho inveja deles porque, perdoadas as injustiças, representam as tribunas públicas do que diz o povo, que não se cala, acomodado ou contido.

Meu bloco, se pudesse organizá-lo, seria o dos cartões corporativos,
inventados em 2001, no governo do fascinante sociólogo autor da teoria da dependência.

O bloco seria menor em 2004, mas já estaria agora com 11 mil foliões: ministros, dirigentes de segundo escalão e até reitores de universidades. Ostentariam a faixa da ?ética na administração?, com destaque para honestos assessores, entre eles um motoboy que sacou, num ano, R$ 46.700 e uma faxineira, R$ 15.500.

Ganhariam um cartaz à parte: ?fiéis laranjas?. À sua frente, isolado por
descuido, um letreiro sobre o culto de nossa origem tupi prestado por um desportista famoso, oferecendo tapioca aos transeuntes

Um grande grupo de diferentes etnias portaria a faixa da igualdade racial, homenagem justíssima do bloco a quem se devotou à estafante missão igualitária e precisava testemunhar pessoalmente, nos bares e nos free shops, se praticamos nestas latitudes o apartheid da velha África do Sul, antes de Nelson Mandela.

Nele se inspirou nesta terra que nunca teve ninguém sequer parecido com os descendentes dos bôeres. De resto, justo é que não fosse inspecionar a pé. Sacrificou-se alugando, sempre da mesma empresa, dezenas de automóveis.  Custou-lhe R$ 120, pouco para o cansaço de trafegar estradas esburacadas. Valeria a soma um carro alegórico, mas isso é pertinente a escolas de samba e não a um simples bloco. Justo, igualmente, seria que não passasse fome e aliviasse o estresse, lazer que só lhe custou R$ 50 mil mais. Mereceria ser, pelo seu devotamento à nobre causa, porta-bandeira do meu virtual bloco .

Na comissão de frente, eu homenagearia o governo, com estrelinhas vermelhas parecidas com as da Texaco. Em 2004, entrou com R$ 14 milhões e, em 2007, com R$ 75 milhões para honrar os cartões corporativos. Livra-se dos bicheiros e impede lavagem de dinheiro. Nunca houve igual ?nesse país?, sem os utilíssimos cartões corporativos.


Postado por MiguelGCF
Editor do  Impunidade  Vergonha     Nacional

 

             





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