A defesa intransigente do aliado Renan Calheiros vai custar novos ataques pesados a Lula da Silva e a pessoas muito próximas ao presidente. A revista Veja será obrigada a soltar, nas próximas edições, o arsenal de denúncias mais pesadas que tem estrategicamente guardado, para usar na hora mais conveniente. Tal momento chegou, depois que a Executiva Nacional do PT resolveu apoiar a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a venda da TVA, do Grupo Abril, para a transnacional espanhola Telefônica.
A CPI interessa diretamente a Renan Calheiros – que deseja desviar o foco das denúncias que a Veja faz contra ele. Mas a CPI, atrapalhando os negócios da Telefônica, não interessa ao primeiro-filho Fábio Luiz da Silva. Lulinha tem interesse em fechar uma parceria com a transnacional espanhola para ampliar sua PlayTV (canal que arrendou do Grupo Bandeirantes de Comunicação). O projeto dele e de seus sócios da Gamecorp é criar uma rede nacional de emissoras com a base de apoio da operadora de telefonia. Tal negócio é encarado com antipatia pelas grandes redes de televisão, principalmente a Globo, que não aceita a concorrência das teles no mercado televisivo. A briga promete muita baixaria nos seus próximos capítulos.
A tal CPI, desejada por Renan e já apoiada pelo PT, quer investigar se a transação entre a Abril e a Telefônica fere ou não a lei que estabelece em 49% o limite de capital estrangeiro numa empresa de TV a cabo. O caso já é motivo de fofoca na Câmara. Desde agosto, quando Renan Calheiros lançou suas suspeitas sobre o negócio, revelando que foi criada até uma empresa laranja para tocar o empreendimento de comunicação, a Abril teria soltado seus lobistas no Congresso para evitar a abertura da CPI.
Alguns deputados admitem que foram que foram abordados por representantes da editora e pressionados para retirar suas assinaturas do requerimento de abertura da comissão. Até petistas afirmaram que receberam orientação – supostamente do Planalto – para retirar seus nomes da CPI, mas não cumpriram “a tal recomendação”.
Um Relatório do conselheiro-diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Plínio Aguiar Júnior, informou que o Grupo Abril e a Telefônica infringiram a lei brasileira assinando um Acordo de Acionistas pelo qual as deliberações do Conselho de Administração e da Assembléia Geral dependerão de uma “reunião prévia” na qual participam e votam todos os acionistas, inclusive os que possuem as ações que não dão direito a voto. Ou seja, na prática, a Telefônica assumiu o controle da TVA.
O duro ataque de Renan
No dia 4 de setembro, Renan Calheiros resolveu chutar o balde contra a Editora abril.
Além do caso da venda da TVA para a Telefônica, Renan denunciou um suposto negócio escuso na venda das ações da empresa para a empresa sul-africana Nasper:
“A revista Veja que diz que “apura e denuncia tudo que prejudica o Brasil e os brasileiros”, precisa urgentemente publicar a venda das ações da Editora Abril para empresa sul-africana Nasper, conglomerado de comunicação racista que sustentou o “apartheid” na África do Sul e que cedeu três de seus diretores para dirigir a África do Sul segregacionista. Mas este é o aspecto imoral e repulsivo da questão. O mais grave é o caráter marginal montado na operação que já foi denunciada em diversas reportagens da Rede Bandeirantes de Televisão e da Revista Caros Amigos. É uma montagem fraudulenta com empresas fantasmas, laranjas e lavanderias para concretizar um negócio pantanoso, asqueroso”.
"A Naspers tem aqui dentro, apenas no papel, uma empresa chamada MIH Brasil Participações, que funciona na Holanda. O CNPJ da MIH Brasil, vou ler devagar para aqueles que se interessam por “tudo que prejudica o Brasil e os Brasileiros”; o CNPJ da MIH é 72.091.963/0001-77. Só que a MIH é uma empresa fantasma, isso mesmo, fantasma. O endereço declarado é fictício e este CNPJ pertence à Curundéia Participações Limitada. A Curundéia também não tem sede, não tem funcionários e os endereços e telefones apresentados pela Curundéia são de outras pessoas ou estão em endereços inexistentes. A Curundéia é virtual, não existe, só existe no papel”.”
"Agora pasmem Senhoras e Senhores. Foi este laranjal de empresas inexistentes, com CNPJ duplicados, com endereços fictícios, sem sede, sem funcionários, que adquiriu 30% da Editora Abril. Um negócio que movimentou em torno de 900 milhões de reais. A MIH Brasil Participações não existe, o que existe, e só no papel é a Curundéia e esta desembolsou R$ 380 milhões de reais para comprar 30% da Editora Abril”.
"O capital social da Curundéia é de apenas 878 mil reais. Isso significa que para concretizar o malcheiroso negócio, a Curundéia gastou 430 vezes mais do que seu capital Social na compra sorrateira de 30% da patriótica editora Abril. Mas por qual motivo recorrer a tantos “laranjas”, tantos porões infectos, tantos negócios furtivos? Simples. Sendo a Curundéia uma empresa nacional, mesmo só no papel, pode comprar além dos 30% das ações permitidas pela Lei brasileira”.
Coleguinhas do poder
A jornalista Tereza Cruvinel será a presidente da Empresa Brasil de Comunicação, a rede pública de TV que o governo Luiz Inácio Lula da Silva pretende lançar em dezembro.
Cruvinel é a principal colunista de política do jornal "O Globo", onde trabalha há mais de 20 anos. Também faz comentários na Globonews.
Ela foi convidada pelo ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social), Franklin Martins, que também pertenceu à Rede Globo.
Por Jorge Serrão do Alerta Total http://alertatotal.blogspot.com/
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