No princípio, não era o verbo nem foram os projetos. Eram colonizadores que aqui chegavam sempre com a idéia de amealhar riqueza, juntar tudo o que fosse possível ao alcance e retornar à nação de origem com bolsos forrados, caindo fora dessa “terra de índio”. A moda pegou e prosperou, pois a farra continua.
Como tivemos a infelicidade de o país nascer riquíssimo, esbanjando recursos naturais e facilidades intermináveis, não foi necessária qualquer ação criativa que o desenvolvesse. Bastava recolher o que caísse às mãos.
Muitos creditam a derrocada brasileira ao fato de para cá ter vindo o que havia de pior, na figura de condenados e degredados. Puro engano. Fosse assim, a Austrália não seria o que hoje é, depois de observar cidades inteiras nascendo como colônias prisionais, abrigando escória enviada desde a Grã-Bretanha.
Nosso problema principal foi o de ter nascido como um rico país-dormitório, lugar aonde se ia com a convicção de estar de volta em breve espaço de tempo, local referente apenas como região de colheita.
E tudo foi devidamente colhido: pau-brasil, florestas inteiras, ouro, diamante, pedras preciosas e exemplares da fauna e flora. Vieram ainda os engenhos e usinas de cana-de-açúcar, negócio financiado com capital holandês e movido a sangue africano.
Criou-se a tradição do jeitinho e do entendimento, onde desavenças e disputas se vêem acomodadas num clima de conciliação, no qual o chefe comparece com discurso bem elaborado e os excluídos do conchavo com sua força de trabalho.
A mentalidade de habitante de país desqualificado foi disseminada e impediu nosso crescimento, marcando a ferro e fogo a desdita.
E enquanto continuamos no provimento de nossos algozes, pagando dívida externa que se tornou eterna, sustentando sonhos de grandeza dos que aprenderam a se impor, promovemos a consolidação de nossa própria desgraça.
O Brasil se tornou o mais africano dos países sul-americanos, no sentido de ter introjetado sentimento de amaldiçoada pequenez em relação aos opressores. Somos bigorna moderna na qual os de sangue azul do “primeiro mundo” forjam seu progresso.
Como se dirigidos por espécie de fatalismo, os acontecimentos fixados de maneira imutável desde a criação. Impossível livrar-se dos grilhões, em especial dos imaginários, tolhendo os movimentos de nação inteira submissa.
Foi o descaso o que levou o país, ao longo de cinco séculos, à porta de entrada de imponderável desastre. Hoje, na remediabilidade de educação insuficiente, adota-se sistema de cotas. Por que não se decide logo pela entrega de diplomas?
Na argumentação capciosa de louvável socorro aos miseráveis, multiplicam-se bolsas-esmolas que asseguram exército de eleitores famintos, no voto perpétuo sob a égide do “sistema democrático”.
Nesse ambiente de suspeição, persistem fracassadas tentativas e desgastadas propostas. Não há boa intenção que resista a tanta incúria. Os focos de insatisfação se alastram e a descrença vai ocupando os espaços.
Por Márcio Accioly - Jornalista.
Do Alerta Total
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