Lula diz que Hugo Chávez não representa risco para a democracia na AL
Pormais criticado que seja pelas defesas que faz do colega Hugo Chávez epor mais polêmicas que o venezuelano protagonize mundo afora, opresidente Luiz Inácio Lula da Silva não arreda pé de sua posição emrelação à Venezuela e ao seu presidente. Diz que a política daVenezuela é uma questão do povo venezuelano e que Hugo Chávez nãorepresenta risco para a democracia no continente. E que Chávez terá deacatar o resultado da consulta popular sobre a reforma da Constituiçãoda Venezuela, que, entre outras mudanças, permite a reeleiçãoindefinida. E, num recado velado à oposição no Brasil, diz que osbrasileiros têm de perder a mania de dar palpites na vida dos outros. —Como maior economia, nós temos que ter responsabilidade de fazer comque as coisas vão bem. Eu dizia que o irmão mais velho, o irmão maiorsempre tem de ter generosidade com os outros irmãos.
Sergio Fadul, Diana Fernandes, Luiza Damé e Luiz Antônio Novaes
BRASÍLIA
OGLOBO: A relação política do Brasil com a Venezuela tem algum problema,neste momento, em razão de críticas do presidente Hugo Chávez ao Brasile ao Congresso? E sobre a questão de democracia na Venezuela?
LULA:Eu sou defensor da autodeterminação dos povos. Cada país determina oregime político que quer. A Suécia determina o seu, os Estados Unidosdeterminam o seu, o Brasil determina o seu, a Venezuela determina oseu. Por que eu vou ficar criticando ou aplaudindo a decisão da maioriado povo de um país? O regime político da Venezuela, o mandato dopresidente é um problema do povo venezuelano. Ao Brasil, interessa teruma relação do Estado brasileiro com o Estado venezuelano. Isso tem queser construído quase que de forma definitiva. Agora, minha relaçãopessoal com o Chávez é outra coisa, minha relação pessoal com oKirchner é outra coisa. Eu acho que nós aqui no Brasil precisamos pararcom essa mania de dar palpite na vida dos outros. No regimeparlamentarista, tem primeiro-ministro que fica 18 anos, 16 anos. Emalguns países, o primeiroministro manda de verdade, e o presidente éapenas o chefe de Estado, é solene.
Mas é um regime diferente. O primeiro-ministro pode ficar um mês também.
LULA: No regime presidencialista, quando o povo quer, o presidente sai do mandato.
É mais difícil.
LULA:Não é mais difícil. Nós já vimos nos Estados Unidos, já vimos noBrasil. Eu acho é que nós devemos cuidar do nosso quintal, que já égrande: são quase 190 milhões de habitantes, 8,5 milhões de quilômetrosquadrados e problemas muito grandes. O Brasil precisa ter uma boarelação com a Venezuela independentemente de quem seja o presidente dopaís.
O Brasil tem de ter investimento na Venezuela, fazerparceria com a Venezuela, porque interessa ao Brasil, como país maisrico da América Latina, como a maior economia da América Latina, que agente tenha tranqüilidade no continente. Essa foi minha conversa com opresidente (George W.) Bush, em Camp David. Eu disse ao presidente Bushque está na hora de os Estados Unidos olharem para a América Latina comoutro olhar, com olhar de investimento, com olhar de ajudar os paísesda América Central a crescerem, porque é a única oportunidade de terpaz. Da década de noventa para cá, com exceção das FARCs, que existemhá 40 anos, não tem hoje nenhum país da América Latina falando em lutaarmada. Os países entraram no jogo democrático. Eu dizia ao Bush que épreciso valorizar isso.
Então o senhor acha que não há risco com Chávez?
LULA: Não há risco nenhum com Chávez, não há risco nenhum com a Bolívia.
Há uma consulta popular sobre as mudanças na Constituição e pesquisas indicam que Chávez pode não ganhar. Há risco de ruptura?
LULA:Quem se submete a uma eleição tem de se submeter ao resultado dela. OChávez está convocando um plebiscito. Se ele ganhar, ótimo; se eleperder, ótimo. Ele vai acatar o resultado. Vocês esquecem que aqui noBrasil nós fizemos um plebiscito para saber se o povo queria monarquia,se queria parlamentarismo? E se o povo escolhesse a monarquia, quemseria o rei? Nós já passamos por isso.
Algumas pessoas dizem queo senhor tem essa relação de carinho, de não confrontar, porquerealmente acredita na política do Chávez ou porque não quer partir parao confronto com a Venezuela, pois interessa ao Brasil. As duas versõessão verdadeiras? Onde está a verdade?
LULA: É porque eu compreendobem as razões dos conflitos que aconteceram no século XIX, e a gentenão pode, no século XXI, repetir os mesmos erros. Às vezes, as guerrasse dão por palavras. Quando fui à Guiné Bissau, tinha tido umatentativa de guerra civil, e a Guiné Bissau é um dos países mais pobresdo mundo, eu dizia para o primeiroministro e para os deputados, guerrapara quê? Primeiro você tem de construir esse país. Na América Latina,os países precisam ser construídos. A Venezuela é um país rico, compotencial extraordinário, e eu tenho dito ao presidente Chávez: épreciso cuidar urgentemente de industrializar a Venezuela. Tem muitosempresários brasileiros trabalhando na Venezuela, fazendo investimentose parcerias.
O senhor vai lá agora...
LULA: Vou lá dia 13 de dezembro e vai uma série de empresários.
AVenezuela tem potencial grande, a Colômbia tem potencial grande. Paranós, se todos os países da América Latina, sobretudo os que fazemfronteira com o Brasil, estiverem bem, o Brasil está bem. Então, comomaior economia, nós temos que ter responsabilidade de fazer com que ascoisas vão bem. Eu dizia que o irmão mais velho, o irmão maior sempretem de ter generosidade com os outros irmãos. Se não for assim, vocêvive em conflito permanente.
COMENTARIO: Realmente, apenas os apaticos e os crentes que se despojaram da lucidez ainda não viram a que veio dom lula da silva, o cinico, ´pois na vespera do data da Proclamação da República a televisão mostrou da silva tirar a mascara democrática pois, subestimando novamente a inteligência do povo brasileiro, afirmou que o caudilho boliviarista chaves é um democrata. Ouseja à pêlo em seu caudilhismo, da silva "não sabe", apesar de haverconcorrido a vários pleitos, que as instituições políticas são o meiopelo qual um Estado se organiza de maneira a exercer o seu poder sobre a sociedade, as quais têm por objetivo regular a disputa pelo poder político e o seu respectivo exercício, inclusive o relacionamento entre aqueles que detêm o poder político (autoridade) e os demais membros da sociedade (administrados).Ao"confundir" a forma de governo adotada por um Estado com a forma desseEstado e com o seu sistema de governo da silva subestima a inteligênciados brasileiros e deixa cair a mascara, basta visitarmos a pagina daPresidencia da Republica clicando no link: http://www.info.planalto.gov.br/download/discursos/pr812a.doc para se constatar a que veio eis que disse em 2005" E eu queria começar com uma visão que eu tenho do Foro de São Paulo.Eu que, junto com alguns companheiros e companheiras aqui, fundei estainstância de participação democrática da esquerda da América Latina,precisei chegar à Presidência da República para descobrir o quanto foiimportante termos criado o Foro de São Paulo. E digo isso porque, nesses 30 meses de governo, emfunção da existência do Foro de São Paulo, o companheiro Marco Auréliotem exercido uma função extraordinária nesse trabalho de consolidaçãodaquilo que começamos em 1990, quando éramos poucos, desacreditados efalávamos muito."
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