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Agradeço as oportunas e coerentes intervenções dos comentaristas criticando o proselitismo irresponsável do globoritarismo apoiado pela mídia amestrada banalizando as Instituições e o Poder do Estado para a pratica sistemática de crimes. Os brasileiros de bem que pensam com suas próprias cabeças ja constataram que vivemos uma crise moral sem paralelo na historia que esgarça as Instituições pois os governantes não se posicionam na defesa da Lei e das Instituições gerando uma temerária INSEGURANÇA JURÍDICA. É DEVER de todo brasileiro de bem não se calar e bradar Levanta Brasil! Cidadania-Soberania-Moralidade

11.10.2007

Mulher de malandro

Não há quem nunca tenha ouvido a velha lengalenga a respeito da preservação dos interesses estratégicos do país, sempre associada à necessidade de termos uma empresa estatal para cuidar do assunto. Noves fora o blablablá corporativista, a lógica econômica e a própria história universal nos dizem justamente o contrário. Produtos estratégicos jamais deveriam ficar nas mãos de políticos e burocratas. Já pensaram se a produção e distribuição de alimentos fossem feitas pela Petrobrás? Os infindáveis racionamentos, as filas, os mercados negros e outras alegorias oriundas da planificação estatal nos regimes comunistas da antiga Cortina de Ferro deveriam ser exemplos suficientes para que nunca mais se cometessem os mesmos erros. Para que se soubesse que somente a livre iniciativa, num ambiente aberto e competitivo, pode abastecer os mercados de forma eficiente e sem sobressaltos. No entanto, infelizmente, não é isso o que ocorre e a ideologia costuma falar mais alto que a razão. A recente crise no abastecimento de gás tem mostrado, de forma cristalina, quão prejudicial pode ser a interferência política e a administração burocrática na produção e distribuição dos recursos energéticos de um país. Primeiro, foi a decisão, ainda no Governo FHC, de investir pesadamente na exploração de jazidas de GNV em território boliviano, uma nação com instituições sabidamente instáveis, onde os contratos, não raro, costumam ser rasgados ao sabor da ideologia da hora.

Depois, como o volume contratado com os bolivianos era superior à demanda interna (?), partiu-se para os incentivos ao consumo. Mais adiante, quando o problema finalmente estourou, quando o índio maluco resolveu rasgar os contratos e expropriar propriedades estrangeiras no país, quando nos colocaram a faca no pescoço e bradaram: "ou dá ou desce!", o Governo Lula, em nome dos compromissos assumidos pelo PT perante o Foro de São Paulo, deu, de mão beijada, tudo o que Evo Morales quis e ainda foi a La Paz abraçá-lo pessoalmente e assinar, de próprio punho, a revisão dos contratos e respectivos preços. De quebra, ainda cedeu, feliz e satisfeito, duas refinarias da Petrobrás, vendidas a preço de bananas.

Em nome da boa vizinhança e de uma política antiimperialista, fizeram tudo do jeito que a outra parte queria – afinal, "bom cabrito não berra". Como estávamos em ano eleitoral, juraram todos, de pés juntos, perante a Bíblia, desde o presidente da república, até o da Petrobrás, passando pelo ministro de minas e energia, que não haveria escassez de gás, nem repasse dos aumentos dos preços ao consumidor, esse eterno otário, que desde muito tempo antes, vinha sendo incentivado, através de propaganda maciça e outorga de generosos incentivos, a consumir GNV. Como a memória do brasileiro é, sabidamente, curta e a experiência triste do pró-álcool já fora esquecida, o consumo de GNV cresceu, desde 2001 até hoje, cerca de 120%.

Aos trancos e barrancos, e pagando, desde então, um preço bem acima do razoável aos bolivianos, a Petrobrás, única fornecedora de gás natural do país, vinha conseguindo manter o fornecimento, cuja demanda era visivelmente ascendente, graças aos subsídios e ao aquecimento da economia. Aí, explodiu uma crise de abastecimento de energia na vizinha Argentina, do também bolivariano Nestor Kirchner. Sobrou para quem? Claro que "los hermanos brasileños" jamais poderiam recusar um pedido de ajuda de um governo ideologicamente alinhado, especialmente porque era época de eleições por lá. Ora, como o mesmo gasoduto que transporta o gás boliviano para cá, também vai para Buenos Aires e adjacências, nada mais natural que "desviássemos" um bocadinho para lá. Nada como fazer caridade com o bolso alheio...

Eis então que, subitamente (!?), as águas das usinas hidrelétricas baixaram a níveis preocupantes e a Petrobrás se vê obrigada a estocar GNV para eventual utilização nas termelétricas, a maioria movida a gás. As distribuidoras de gás, no Rio e em São Paulo, são avisadas, com antecedência de – pasmem! – 24 horas, que os volumes seriam cortados em 17%. E dane-se o mundo, digo, os consumidores, na maior parte indústrias, anteriormente convencidas a migrar do diesel para o GNV.

Chega a ser patético como uma empresa, cuja existência como estatal monopolista foi mantida à base de um discurso que ressalta interesse estratégico dos produtos que fornece, possa ser apanhada de surpresa numa situação dessas. O discurso oficial informa que a Petrobrás estaria somente retornando o fornecimento aos níveis contratuais. Trata-se de discurso bem idiota, pelo menos do ponto de vista de um empreendedor privado.

Caso fosse uma empresa cujos lucros dependessem da prestação de bons serviços e não contasse com monopólios espúrios, a Petrobrás já teria, há muito tempo, identificado o aumento da demanda e tratado de correr atrás para servir ao mercado. Mas não. Ela não é uma empresa privada e também não tem concorrência a lhe tirar o sono. Portanto, por que preocupar-se com eficiência, planejamento de longo prazo e bom atendimento ao consumidor? "Cumpra-se o contrato". Foi essa a palavra de ordem. Não importa se a demanda já vinha sendo bem superior ao estipulado em contratos antigos, nem que os consumidores finais sejam empresas e cidadãos que acreditaram (de novo!) nas promessas do governo. Para a burocracia, especialmente quando quer livrar-se de um problema, "vale o escrito e ponto final". Pouco ou nada importa também que, na última década, as distribuidoras tenham investido perto de R$ 6 bilhões em obras e infra-estrutura, sempre acreditando no plano federal de massificação do uso do gás, que contou, inclusive, mas não somente, com congelamento dos preços, entre 2003 e 2005, para estimular o consumo. O pior, no entanto, estaria ainda por vir. A estatal já divulgou notas à imprensa em que sugere uma defasagem de 30% nos preços do gás. Não conheço as planilhas da dita cuja, mas até acredito que seja verdade. Desde o imbróglio com Evo Morales et caterva, já sabíamos que, mais dia, menos dia, contribuintes e consumidores seriam chamados a bancar as benesses presidenciais aos nossos queridos vizinhos. O momento, pelo visto, chegou. Não gostou da notícia, amigo? Pois vá queixar-se ao Bispo, sempre rezando para São Pedro não descuidar das chuvas, pois os caras lá da Petrobrás não estão nem aí para você. Sabem perfeitamente que não tem qualquer alternativa, senão aceitar o que lhe impõem e, de preferência, caladinho.

Pensou que isso era tudo, estimado leitor? Ledo engano. O Governo Lula nunca se cansa de nos surpreender. O presidente, que pelo visto tem vocação para mulher de malandro, acaba de informar aos súditos a intenção de voltar à Bolívia para negociar com o expropriador de La Paz a aquisição de mais gás, comprometendo-se, de passagem, a "queimar" mais uma montanha de dinheiro para socorrer o indiozinho arrogante. Tudo em nome do interesse nacional, claro.

por João Luiz Mauad em 09 de novembro de 2007
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