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Agradeço as oportunas e coerentes intervenções dos comentaristas criticando o proselitismo irresponsável do globoritarismo apoiado pela mídia amestrada banalizando as Instituições e o Poder do Estado para a pratica sistemática de crimes. Os brasileiros de bem que pensam com suas próprias cabeças ja constataram que vivemos uma crise moral sem paralelo na historia que esgarça as Instituições pois os governantes não se posicionam na defesa da Lei e das Instituições gerando uma temerária INSEGURANÇA JURÍDICA. É DEVER de todo brasileiro de bem não se calar e bradar Levanta Brasil! Cidadania-Soberania-Moralidade

11.09.2007

Verdi: como vencer a censura

O artista virou senha de liberdade. Demonstrou que a censura não atrapalha a
inteligência
PRIMEIRA QUESTÃO: Verdi foi um gênio? Até hoje, alguns musicólogos negam-lhe
não apenas a genialidade mas o valor. São OS mesmos que não aceitam Chopin e
Tchaikovsky. Não perdoam a facilidade dos noturnos, dos caprichos e das
árias que fazem parte dos realejos que se tocam no mundo. Mas Chopin
escreveu o "Prelúdio nº 28", Tchaikovsky deixou sua "Quinta sinfonia" e
Verdi, afinal, escreveu "Othelo" e "Falstaff".
Verdi tinha 19 anos, era alto, cabeludo. Fez uma prova no Conservatório de
Milão e foi reprovado: tocava piano muito mal e seu físico não ajudou. Um
dos examinadores cismou: Verdi nem sabia colocar as mãos em cima do teclado.
Anos mais tarde, depois DA dominação austríaca, o conservatório desejou ter
o Nome de um italiano ilustre e solicitou ao maestro que autorizasse a
existência legal do "Conservatório Verdi", de Milão. O compositor respondeu:
"Não me quiseram quando jovem, não me terão velho". Nesse meio tempo, entre
outras coisas, ele havia escrito aquela terrível ária do "Rigoleto": "Is
vendetta, tremenda vendetta".
Bem, a solução para OS refugados era essa mesmo: Verdi se transformou no
rapaz amargo e, como continuava a gostar de música, o remédio era aceitar a
direção DA "furiosa" de Busseto, uma banda como outra qualquer, cujo forte
eram OS dobrados militares de praxe e circunstância. Uma tarde, regeu Haydn
diante de entendidos e recebeu a incumbência: fazer uma ópera. Verdi meteu
OS peitos e produziu "Orbeto", "Conte di San Bonifacio".
A municipalidade de Busseto impôs o trabalho ao Scala de Milão. A título de
incentivo, a ópera foi representada numa festa beneficente. Era uma caridade
do mundo oficial DA música ao jovem compositor. Mesmo assim, o rapaz ficou
gratificado. E, exagerando um pouco na alegria, decidiu se casar com a filha
do mesmo fabricante de licores que o incentivara. Aos 23 anos, fez aquilo
que no Nordeste brasileiro ainda chamam de "convolar núpcias" com Margarida
Barezzi, moça de 22 anos, que lhe deu um casal de filhos -e muito azar na
vida. Pouco depois, Verdi perdia tudo: OS filhos e a mulher (levados pela
morte) e a inspiração. Caiu na fossa e prometeu nunca mais ler uma linha de
música.
Perdeu até mesmo o emprego, pois o editor Ricordi havia lhe encomendado três
óperas a título de experiência. Verdi largou tudo e foi morar numa pensão,
onde passava o tempo lendo a Bíblia.
Volta e meia, algum empresário desvairado sugeria que ele lesse um libreto,
mas Verdi se recusava: não escreveria uma nota sequer, para todo o sempre.
Até que surgiu um desvairado mais teimoso que OS outros e deixou em suas
mãos um libreto de Solera, cuja primeira página trazia um Nome em letras
góticas: "Nabuco".
Verdi cometeu um erro: abriu o libreto ao acaso e deu com um verso perdido
no texto: "Va pensiero, sull'ali dorate...". Para quem andava lendo a Bíblia
a história do cativeiro DA Babilônia era interessante.
Além do mais, a Itália vivia o seu próprio cativeiro, dominada pela Áustria.
Verdi compreendeu a intenção de Solera: transpor o drama dos hebreus
dominados junto aos rios DA Babilônia para a sua própria pátria espezinhada
pelo Grande império dos Habsburgos. Não conseguiu dormir naquela noite. Os
versos estavam em sua cabeça: "Va pensiero". Até hoje, esse coro de escravos
serve de hino para todos OS oprimidos em qualquer parte do mundo.
Dias depois, a ópera estava pronta e encenada. O povo não apenas gostou DA
ópera mas DA mensagem que ela trazia. O Nome Verdi virou anagrama: "Vittorio
Emanuelle, Re d'Italia". Verdi passou a ser uma senha de liberdade. Mais uma
vez, um artista demonstrou que a censura não atrapalha a inteligência
-quando há inteligência.
Minimamente, o que se pede aos artistas é que else sejam mais criativos do
que OS censores. As autoridades austríacas chegaram a comparecer à estréia
de "Nabuco" e só entenderam que haviam comido mosca quando ouviram a platéia
se levantar, durante o coro dos hebreus, cantando junto com OS artistas.
Houve mortos e feridos depois, mas o grão DA liberdade estava plantado. A
Itália, unificada, libertava-se do jogo estrangeiro.
Por CARLOS HEITOR CONY

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