Nesse contexto,considero útil relatar novamente fato comigo ocorrido. O ex-ministro daDefesa Waldir Pires censurou artigo de minha autoria sobre a IntentonaComunista, na revista Informe Defesa, publicação do Ministérioda Defesa. O pretexto usado foi o de evitar a reabertura de antigasferidas do passado, esquecendo-se que a censura nunca fechou feridas dopassado. Nem as provocadas pela esquerda, nem pela direita. A desculpausada pelo então ministro fez parte do regrário utilizado por aquelesque cassaram seus direitos políticos em 1964. Ou seja, se a causa for"justa", tudo é válido... O ministro mandou às favas o fato de eu terrecebido, em 5 de outubro de 2006, convite do responsável pela revista,oferecendo-me espaço para que opinasse "de forma livre e transparente"sobre assunto de minha escolha. Em dezembro, recebi e-mail doresponsável pela revista, informando a decisão do ministro.
Decidi, em face da atualidade do tema, republicar o artigo censurado, o que faço a seguir.
Em sua obra 1984,o notável escritor inglês George Orwell trilha os caminhos de um regimeautoritário num futuro remoto. Nessa ditadura predomina a figura do"Grande Irmão", na verdade uma imagem crítica do ditador soviéticoStálin. Num cenário sombrio, o autor faz desfilar os instrumentosutilizados pelo regime para sufocar as liberdades. Um deles é oMinistério da Verdade, cuja função, entre outras "nobres" tarefas, éapagar ou reescrever a História ao talante do regime.
Há fatosdeste imenso país que nos remetem a Orwell; por exemplo, a tentativa derelegar ao esquecimento a Intentona Comunista. Sob os mais diversospretextos, a História é reescrita. A evocação do episódio de novembrode 1935 é tida como meio de buscar a cizânia entre brasileiros. Ai dequem evoca as vítimas da fracassada tentativa comunista de tomada dopoder! Imediatamente sofre a censura e os ataques das "patrulhas",dispostas a levar adiante seus propósitos que, apesar dos fracassos,agora sob nova roupagem ainda motivam - por volúpia de poder ouignorância - parcelas de nossa sociedade. E mais: há todo um movimentopela deificação do executor da Intentona, Luiz Carlos Prestes.
Como desmantelamento do socialismo real, os documentos dos arquivossoviéticos gritaram a verdade: a tentativa de golpe foi urdida ecoordenada pela 3ª Internacional, de cuja Comissão Executiva Prestesera membro.
No Brasil, preparando a revolução, estavam 22estrangeiros pertencentes ao Serviço de Relações Internacionais doKomintern, como mostra o livro Camaradas, do jornalista WilliamWaack, que pesquisou os arquivos do Komintern. E mais: o livro - quederrubou diversos mitos históricos - comprova que a ordem para aeclosão do movimento não partiu do Partido Comunista do Brasil ou dePrestes, mas sim foi mandada de Moscou, por telegrama, pelo Komintern.
A ação comunista produziu 33 vítimas, cujas famílias nunca reivindicaram nada do governo brasileiro!
AHistória é a grande mestra da política. A Intentona de novembro de 1935não pode ser esquecida sob nenhum pretexto. É um exemplo.
Por Boris CasoyDo Jornal do Brasil
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