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Em entrevista coletiva, o general da reserva assegurou ontem que “ se for aprovada a reforma constitucional estaria sendo realizado, na prática, um golpe de Estado na Venezuela ” . Baduel, que abandonou o governo em julho, é considerado o principal artífice do retorno de Chávez ao poder após o golpe de Estado de 2002. Depois de ter passado para a reserva, o general admitiu suas divergências com o presidente Chávez.
— No século XVIII não existiam constituições porque o que existiam eram monarcas absolutistas e autoritários que tinham todo o poder. As constituições nascem, precisamente, para limitar o poder dos governos — afirmou Baduel.
Segundo o exministro da Defesa , “ qualquer Constituição que elimine limites ao poder deve ser observada com suspeita ” . Baduel pediu aos venezuelanos que se informem sobre o projeto de reforma, que será submetido a referendo no dia 2 de dezembro. — Não deixem que lhes tirem o poder — enfatizou o general. Estudantes fazem mais protestos contra a reforma O relacionamento entre Baduel e Chávez é antigo. Realizaram a carreira militar juntos e sempre foram grandes amigos.
O presidente é padrinho de um dos filhos do general. No entanto, as diferenças começaram a ficar evidentes nos últimos meses. No discurso de despedida, Baduel defendeu a necessidade de construir um socialismo democrático e, assim, oficializou suas críticas ao governo. — Esta não é uma reforma constitucional, é uma transformação do Estado — declarou o general, que defendeu a necessidade de convocar uma Assembléia Constituinte para modificar a Constituição.
O governo chavista também foi criticado ontem pelo presidente do Concílio Plenário da Conferência Episcopal Venezuelana, monsenhor Ovídio Pérez Morales, que acusou o presidente de liderar uma campanha de perseguição contra a Igreja.
— Chávez pretende ser o sumo Pontífice deste país, ou seja, determinar o que os bispos devem dizer, o que não podem dizer, quando devem falar e quando calar — disse. Ontem, várias cidades tiveram manifestações de estudantes contra a reforma.
Em Caracas, a polícia reprimiu protestos com bombas de gás lacrimogêneo, jatos d ’ água e balas de borracha. Em Brasília, embora relutantemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acabou defendendo, de forma velada, Chávez.
Num primeiro momento, Lula afirmou que o presidente venezuelano “ está fazendo aquilo que entende que deva fazer ” na Venezuela. Depois o comparou à ex-premier britânica Margaret Thatcher e ao ex-chanceler federal alemão Helmut Kohl. — É engraçado porque eu já vi Margaret Thatcher ser tantas vezes eleita primeira-ministra, já vi Helmut Kohl ficar tanto tempo e nunca vi ninguém perguntar se vários mandatos sucessivos eram ruins — disse Lula, que defendeu a democracia: — Eu só posso falar pelo Brasil. Vou repetir: eu penso que o Brasil não pode brincar com uma coisa chamada democracia. Muita gente sofreu para que a gente consolidasse nossa democracia. Ela está se fortalecendo.
* Com Chico de Gois e Eliane Jungblut, de Brasília
O Globo PRIMEIRO CADERNO - 06/11/2007
Postado por MiguelGCF > IMPUNIDADE > VERGONHA NACIONAL
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